Veterana na seleção feminina e recordista de Copas do Mundo e Olimpíadas, a meio-campista Formiga teve sua vaga nos Jogos de Tóquio ameaçada nos últimos meses. Isso porque ela sofreu com um problema que tem sido cada vez mais comum em jogos de futebol – os choques fortes na cabeça – e isso colocou sua convocação em xeque.
A técnica Pia Sundhage estava com dúvidas sobre a situação da atleta e se ela teria condições de jogar a Olimpíada, considerando que, até o amistoso contra a Rússia, Formiga ainda não havia conseguido completar 45 minutos em campo desde que os episódios aconteceram (entre o fim de abril e início de maio).
A primeira concussão veio após uma “joelhada” na cabeça durante um treino do PSG na semana que antecedia o jogo de volta das semifinais da Champions League feminina contra o Barcelona. O clube francês havia eliminado o grande favorito Lyon nas quartas e empatou o primeiro jogo contra as catalãs por 1 a 1. Era a disputa pela vaga na final e Formiga não quis ficar de fora.
Após ter sentido o impacto do choque do joelho da colega em sua cabeça no treino, Formiga ficou com a vista turva, teve um pouco de dor de cabeça, mas ficou apta para entrar em campo no jogo de volta contra o Barça, em 2 de maio.
No entanto, foi justamente nesta partida que ela sofreu mais uma concussão. Aos 28 minutos do segundo tempo, ela precisou ser substituída depois de ter disputado uma bola pelo alto – no contato, a cabeça da jogadora do Barça acabou se chocando com a nuca da jogadora brasileira.
Desde então, ainda no início de maio, Formiga ficou fora de boa parte dos jogos do PSG na reta final do Campeonato Francês e, mesmo no jogo de despedida – vitória por 3 a 0 sobre o Dijon em 4 de junho, jogo que deu o título francês inédito ao PSG -, ela só entrou em campo por alguns minutos de maneira simbólica para poder se despedir.
Logo depois disso, Formiga se apresentou à seleção brasileira na Espanha e, no dia 11 de junho, amistoso contra a Rússia, foi a primeira vez em pouco mais de um mês que ela conseguiu jogar 45 minutos consecutivos.
Por tudo isso, houve uma preocupação da comissão técnica sobre as condições de Formiga para a Olimpíada. Na convocação, a técnica Pia Sundhage chegou a mencionar o nome da meio-campista quando perguntada sobre os critérios para definir os últimos nomes da lista.
“Escolhemos a Formiga porque ela representa muita experiência. É importante para nós no meio-campo ter jogadoras que possam fazer diferença, e uma delas é a Formiga”, afirmou a treinadora.
Nesta semana, em uma entrevista exclusiva com Pia, abordamos de novo a questão. Perguntamos por que ela havia tido dúvidas sobre a convocação de Formiga, uma presença constante em suas convocações e sempre entre as titulares sob seu comando. E foi aí que a treinadora sueca revelou a preocupação com a condição física de Formiga após as concussões que a afastaram dos gramados nesta reta final de temporada.
“Sim (houve dúvida sobre a convocação de Formiga). E o motivo para isso é que ela teve uma concussão, e ela não estava jogando com tanta frequência antes dessa convocação”, disse.
“Mas quando eu olho para trás, sei que ela sabe muito bem administrar seu nível físico. Então quando ela chega aqui, ela pega mais leve. Por exemplo, ela não fez o teste do ioiô que as outras fizeram. Houve muita discussão sobre convocá-la ou não. Agora que ela está aqui, estou feliz e quando eu olho para o nosso meio-campo, acho que ela pode desempenhar um papel importante nesse setor.”
Aos 43 anos, Formiga fará história mais uma vez. Ela vai disputar em Tóquio sua sétima edição de Jogos Olímpicos – a recordista no futebol, entre homens e mulheres. E pela importância que tem dentro e fora de campo, sorte a nossa que ela estará lá!
