Plantando o futuro: Camp da NBA reuniu 90 meninas com ídolos do basquete

Como é a Vila Olímpica? O que vocês fariam se não fossem atletas? Como foi receber a medalha de ouro das mãos de Fidel Castro? Essas foram algumas das perguntas que Hortência e Paula ouviram das meninas com idade entre 12 e 17 anos que participaram do Girls Camp neste final de semana, em São Paulo.

Promovido pelo NBA Basketball School – programa da marca americana e que aplica seu método esportivo em clubes e escolas particulares -, a inciativa reuniu 90 meninas de 10 estados do Brasil nas quadras de basquete do Clube Alto de Pinheiros por três dias. Essa foi a 1ª vez que o Camp foi oferecido somente para as garotas e contou também com a chancela da WNBA (Women National Basketball Association).

O programa chegou ao Brasil no ano passado, inicialmente para ser trabalhado em São Paulo. Mas a metodologia gerou interesse nas unidades (escolas e clubes) por todo o Brasil, então, o pontapé inicial foi dado na abertura de 20 unidades em 12 estados, no ano passado. No início de 2020, eles já contam com 106 unidades no Brasil. 

“Ano passado a gente realizou dois Camps mistos em São Paulo e em Salvador. Mas desde o início, a gente via um público tímido, mas existente do basquete feminino. E aquela história, nos treinos, as meninas dividiam a quadra com os meninos, elas sofriam, não queriam e tinha uma barreira em cima disso”, declarou Arthur Borelli, diretor da Think Sports e representante do programa NBA Basketball School no Brasil. 

(Foto: Roberta Nina / Dibradoras)

Ao ver que 11 meninas de uma mesma escola foram juntas participar do Camp, Arthur percebeu que as garotas queriam um espaço só delas para jogarem juntas. “Fomos entender o mercado, fazer um movimento só para elas e que hoje pode ser um divisor de águas. Iniciamos a divulgação do Camp no final de janeiro e a gente teve esgotou as vagas em 15 dias e com fila de espera.”

É claro que a iniciativa é seletiva, já que as inscrições tinham preços entre R$ 1,400.00 (com hospedagem inclusa para participantes de fora de São Paulo) e R$ 1.000,00, mas organização ofereceu bolsas gratuitas para alguns projetos sociais.

“Podemos cravar que irá existir o próximo (evento só para mulheres) em 2021. E esse propósito de fomentar e oferecer bolsas já existe nas unidades. E é natural que, quando isso começa a virar um movimento, as outras unidades também comecem a fazer”, afirmou Arthur.

#AQuadraÉDelas – nas escolas e projetos sociais também!

Com envolvimento dos pais, que puderam acompanhar as atividades, as adolescentes tiveram uma programação recheada de treinos e palestras. O corpo de instrutores era formado só por mulheres, que são professoras das unidades do programa.

As professoras do Girls Camp (Foto: Roberta Nina / Dibradoras)

Campeãs mundiais e medalhistas olímpicas defendendo a seleção brasileira, as ex-atletas Helen Luz, Adriana Santos, Alessandra Oliveira e Lilian Gonçalves, foram algumas das “professoras” do grupo durante os treinos.

“Muito importante um evento como esse só para meninas. Nossa função é estar aqui para ver de onde vem e como estão essas garotas. Importante estar ligado com o pessoal da base, ainda mais eu que faço toda essa parte com a CBB. Quanto mais eventos como esse, melhor”, declarou Adriana, gerente de seleções na Confederação Brasileira de Basquete.

Além de Magic e Paula e Hortência – que fecharam o último dia de evento participando de um talk-show e dos treinos com as meninas na quadra – as alunas também puderam interagir com atletas de outras modalidades que contaram sua trajetória no esporte: Juliana Cabral (vice-campeã olímpica de futebol), Etiene Medeiros (campeã mundial de natação), Fofão (campeã olímpica de vôlei) e Alessandra (campeã mundial e vice-campeã olímpica de basquete), que também é professora em duas unidades do programa.

Palestra sobre esporte feminino contou com a presença de Juliana Cabral, Etiene Medeiros, Fofão e Alessandra (Foto: Roberta Nina / Dibradoras)

Na fala de todas as participantes, a presença do esporte em idade escolar fez total diferença na vida delas. As ex-atletas defenderam maior atenção dos colégios em apresentar aos alunos as diversas modalidades esportivas e maior valorização do profissional de Educação Física. “Comecei com 12 anos, na cidade de São Bernardo, e na escola. E eu acredito que é na escola que a gente começa a ter contato com o esporte, seja ele qual for”, afirmou Adriana.

“O esporte é fundamental na vida e na saúde de qualquer pessoa. Por que não ter um esporte forte na escola e dar força para o professor de Educação Física para que ele possa dar uma aula como realmente se deve ter? Se você quer impactar uma criança de sete ou treze anos, onde ela está? Na escola. Então é muito mais fácil”, disse Hortência ao blog.

Hortência acompanhando o treinamento das meninas de perto (Foto: Roberta Nina / Dibradoras)

“Foi na escola que me apaixonei pelo esporte, foi na escola que tive a primeira referência, que foi o meu professor e a gente precisa resgatar tudo isso. Precisamos entender que o esporte é tão importante quanto a biologia, a matemática, a química, na construção das pessoas. Pra mim, o esporte construiu a minha vida e meus valores. E foi na escola que me apaixonei por ele”, disse Magic Paula.

Sarith Anischa é psicóloga de formação e também comanda o Pirituba Basketball, projeto social que incentiva a prática do basquete desde 2016 para cerca de 80 alunos, entre 7 e 17 anos, na Zona Noroeste de São Paulo. Ela participou do Camp como convidada pela Organização.

“Pedi para assistir o evento porque gostaria muito de participar de alguma forma. Aí, fui conversando com os organizadores, falei do meu projeto social e eles me deixaram levar duas garotas participar. Também tive a oportunidade de ser uma das professoras durante os treinamentos. Foi uma experiência surreal, emocionante e que nunca tinha pensando que poderia ter. Além de aprender, pude viver uma coisa mágica, inesquecível e motivadora”, afirmou ao blog. 

Sarith Anischa com suas duas alunas do projeto social de Pirituba (Foto: Roberta Nina / Dibradoras)

Letícia Menezes e Maria Eduarda de Lima, de 13 e 15 anos respectivamente, puderam a viver a experiência completa do Girls Camp nos três dias e era visível a emoção delas em estar ali, ao lado das duas maiores lendas do basquete brasileiro. “Eu acredito que essas iniciativas ajudam demais, não só as meninas, mas o basquete em si. Vejo que muitos clubes, instituições poderiam fazer algo parecido, mas parece que a falta de vontade impera. Acho que somando forças de patrocínios não ficaria caro pra ninguém e a modalidade ganharia”, completou a treinadora do projeto social.

Segundo a organização do evento, além do Pirituba Basketball, outros dois projetos participaram do Camp: o Recanto Verde Sol e o Santa Fé Hunters. O número total de bolsistas não foi divulgado, mas algumas unidades também aderiram à proposta de convite e ofereceram gratuidade para alguns participantes. Assim como Sarith, professoras e técnicas de projetos sociais também participaram do 1º Camp Feminino promovido pelo NBA Basketball School. 

Seja na escola, em projetos 10ou em camps, o que as garotas precisam é de oportunidades como essa. Em um ambiente propício fica bem mais fácil fazer com que elas desenvolvam suas habilidades no esporte. E, se contar com conselhos e proximidade com referências da modalidade, a experiência fica completa!

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