Formiga diz que Brasil aprendeu com derrotas e dará resposta à desconfiança

A seleção brasileira de futebol feminino embarca nesta terça-feira para a Copa do Mundo da França e com um retrospecto difícil na bagagem: são nove derrotas consecutivas – a última vitória em jogos oficiais aconteceu em julho de 2018.

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Mas para a jogadora mais experiente do Brasil, que irá para sua sétima Copa neste ano, ainda há tempo para “virar a chavinha”. Formiga falou à imprensa algumas horas antes do embarque e não fugiu das cobranças, dizendo que a seleção precisa dar uma resposta em campo às críticas que vem recebendo.

A responsabilidade aumenta (com a visibilidade). A gente tanto lutou e pediu para que tivesse essa visibilidade. Mas em meio à desconfiança, a gente tem que fazer um bom campeonato, dar a resposta. A gente precisa fazer nosso papel”, afirmou a meio-campista de 41 anos.

“Essas derrotas é claro que te deixam inseguro, os torcedores também se perguntam: será que vai agora? Acho que a gente tem que esquecer, as derrotas ensinam muita coisa. Agora a gente tem que se superar a cada dia, a gente precisa deixar as derrotas pra trás, virar a chave. Acredito que a gente vai conseguir ir bem nesse Mundial, mesmo com essa insegurança. Nós vamos recuperar essa confiança e melhorar muito.“

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Se na Copa do Mundo de 2015, o Brasil embarcou para o Canadá com apenas cinco dias de antecedência de seu jogo de estreia – e sem qualquer alarde da imprensa -, desta vez o cenário é bem diferente. A seleção vai para Portugal para quase 15 dias de preparação (com treinos programados de 23 de maio a 5 de junho) para depois ir a Grenoble, onde será a estreia. A diferença vai além do planejamento: agora, haverá também uma cobertura grande da imprensa, como, aliás, já está acontecendo. Formiga admite que sempre sonhou com essa visibilidade para o futebol feminino, mas entende que isso aumentará também as cobranças por desempenho dentro de campo.

“É uma coisa que eu sonhava muito. Continuo sonhando. É de se espantar ver tanta gente assim aqui. Mas nada disso vai valer se a gente não tiver empenho no Mundial”, apontou a jogadora.

Formiga se despediu da seleção em 2016 e aceitou voltar para mais uma Copa (Foto: Getty)

Com seis Copas de experiência, Formiga vê a evolução do futebol feminino no mundo e reconhece que a briga pelo título está mais acirrada do que nunca. Ela projeta uma semifinal como um “excelente resultado” para o Brasil e afasta qualquer possibilidade de uma eliminação na primeira fase.

“Às vezes as pessoas dizem: o empenho certo é vocês trazerem o caneco. Mas a gente sabe das dificuldades, as coisas não estão nas mil maravilhas. Acho que a gente chegando até uma semifinal, como já chegamos, é uma grande conquista para o futebol feminino, sem dúvida alguma. O que não podemos fazer de maneira alguma é colocar na cabeça que vamos voltar na primeira fase. Isso jamais”, chancelou. 

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O técnico Vadão foi questionado sobre esse histórico ruim de desempenho e resultado às vésperas da Copa do Mundo e disse que a seleção “já tirou as lições das últimas derrotas”.

“Agora teremos uma possibilidade de definição. Nos amistosos, cada hora jogávamos com um time porque era quem tínhamos à disposição. Tiramos as nossas lições desse período ruim, vamos esquecer isso e trabalhar melhor a equipe com todo mundo junto. Uma das lições foi que a gente pecou muito no passe. Nossa taxa de erro na Olimpíada nos passes era 10%, nós chegamos a 27% agora. Isso proporcionou muitos contra-ataques que a gente tomou. Acho que temos que melhorar essa organização, ter um pouco mais de acerto”, pontuou o treinador.

Visibilidade

A seleção brasileira aproveita de um momento único do futebol feminino na história. Nunca houve uma Copa do Mundo feminina que fosse tão comentada é esperada. Será também o Mundial mais visto das mulheres em campos, já que esse é o primeiro a ter transmissão de todos os jogos da seleção na maior emissora do país, a TV Globo. Na semana passada, foi possível ver o tamanho do interesse da imprensa pelo assunto quando o auditório da CBF ficou lotado para a convocação do Brasil para a Copa.

Hoje, no embarque, não foi diferente. Muitas câmeras – de filmagem e de foto -, muitos microfones e muitos jornalistas atentos às últimas palavras das jogadoras antes de embarcarem para o Mundial. Uma visibilidade que há muito tempo essas jogadoras e as que vieram antes delas esperam.

Mônica disputará sua segunda Copa do Mundo (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

“Acho que a gente sempre mereceu isso. É o mínimo que poderia acontecer pelo que a gente já faz e fez. Mas mostra o quanto a gente está evoluindo. Espero que isso só aumente, que mais gente vá ao estádio, que a TV continue transmitindo. Isso mostra que a gente tem um valor”, afirmou a zagueira Mônica, que estava nos Estados Unidos e voltou a jogar no Brasil neste ano, pelo Corinthians.

A seleção brasileira chega a Portugal, em Portimão, nesta quarta-feira onde fará sua preparação para o Mundial. No dia 5 de junho, a delegação segue para Grenoble, onde estreará contra a Jamaica em 9 de junho.

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