A defensora do Tottenham Ladies, Renee Hector, relatou em seu Twitter ter sido vítima de racismo em uma partida pela FA Championship, a segunda divisão do futebol feminino na Inglaterra.
O caso teria acontecido dentro de campo, quando Hector ouviu de uma atleta da equipe adversária, o Sheffield United, barulhos imitando macacos. Ela não revelou o nome da atleta, mas o caso está sendo investigado pela Federação Inglesa (FA) e pelo próprio clube.
“Uma pena que o racismo parece estar crescendo de novo no futebol – eu ouvi alguns barulhos de macaco hoje vindos de uma jogadora do time adversário. A única reação possível foi deixar o futebol falar por si, foi isso que fizemos. Ótimo começo para este ano”, relatou Renee Hector pelo Twitter após a vitória por 2 a 1 sobre o Sheffield United – que manteve o time londrino na segunda colocação do torneio, atrás apenas o Manchester United.
O Sheffield United se manifestou por meio de nota dizendo que está “ciente do post da zagueira nas redes sociais e que já começou a investigar o caso para entender os acontecimentos”.
Segundo o Tottenham, a própria Renee Hector relatou a situação para o árbitro durante a partida. O clube, por sua vez, fez uma reclamação formal à Federação Inglesa.
“A FA confirma que tomou conhecimento da denúncia sobre abusos discriminatórios durante um jogo da FA Women’s Championship entre Sheffield United Women e Tottenham Hotspur Ladies no último domingo. Nós levamos essas denúncias sobre discriminação muito a sério e questionaremos as partes sobre o acontecimento”, afirmou a Federação Inglesa por meio de nota.
Such a shame that racism seems to be rising up again in football – I received some monkey noises today from an opposition player. The only reaction was to let the football do the talking and that we did great start to the year! @ThlfcOfficial #COYSL #SHEvTOT #KickItOut
— Renée Hector (@renazzza) January 6, 2019
Outros casos
Recentemente, um caso de racismo levou à demissão do técnico da seleção de futebol feminino na Inglaterra, Mark Sampson. Em 2017, veio à tona um episódio que teria acontecido entre ele e uma das jogadoras negras do time, a atacante Eniola Aluko, que tem sua família de origem na Nigéria. A jogadora alegou sofrer bullying racista do treinador, que chegou a dizer para ela tomar cuidado para sua família não trazer “ebola da Nigéria” quando visitasse a atleta na seleção. Outras jogadoras relataram situações parecidas e o técnico acabou sendo demitido por “má conduta” – ele nega as acusações.
Os casos de racismo no futebol inglês têm sido registrados por uma ONG chamada “Kick it out” (chute para fora, numa tradução simples). Em um relatório divulgado no fim do ano passado, a organização, que monitora casos de discriminação por racismo, homofobia ou sexismo em todas as esferas do futebol inglês, detectou um aumento de 11% dos casos com relação à temporada 2017-2018.
Foram 520 registros, comparados com os 469 da temporada anterior. As situações de racismo somam 53% do total.
“Enquanto há um grande trabalho sendo feito, deve haver mais recursos e mensagens mais fortes. O futebol tem que olhar para si mesmo. Esses números devem ser um forte lembrete de que não estamos avançando tanto quanto talvez pensássemos”, disse em novembro do ano passado um porta-voz da entidade.
A Kick It Out afirmou ter recebido relatos sobre o que aconteceu com Renee Hector e ofereceu apoio à atleta.
“Nós informamos o ocorrido à FA e oferecemos todo nosso apoio à investigação e à própria atleta”, disse a ONG em nota.
O caso da jogadora do Tottenham ganhou bastante repercussão após a jogadora ter denunciado a situação nas redes sociais. Ela chegou a retuitar diversas mensagens de apoio que recebeu e agora aguarda a conclusão das investigações da FA.