O nome deste blog costuma causar grande celeuma para muitos leitores. Afinal, há um erro grave na grafia “dibradoras”, segundo eles. O correto seria “dribladoras”, derivada do verbo “driblar”, conforme manda o dicionário.
Mas quem conhece futebol sabe bem que o “dibre” sempre existiu. Não foi “inventado” por um de seus maiores maestros, Ronaldinho Gaúcho, como dizem alguns. Ele, sim, popularizou o dibre, que sempre foi dito e repetido com fervor nas ruas, na várzea e no campo de futebol. Aliás, como bem definiu o colega jornalista Márvio dos Anjos, “a maioria dos atacantes jamais driblou na vida: os craques sempre dibraram”.
Já falamos aqui sobre como o verbo driblar foi originado do inglês “to dribble”, assim como muitas outras palavras do nosso futebolês. E que, talvez por isso, sua adaptação ao português não tenha sido a mais fácil do mundo. Porque é difícil falar “drible, driblar, driblou”. São muitas consoantes juntas, conforme nos explicou o mestre Professor Pasquale, que gentilmente esclarece neste vídeo por que o “dibre” não pode ser ignorado.
“A língua portuguesa não é uma pedra. Ela é como um guarda-roupa. A gente escolhe a roupa de acordo com a situação. A língua é a mesma coisa. Deveríamos todos ter um guarda-roupa linguístico com o maior número possível de ‘roupas’, ou seja, de variedades linguísticas. Eu não falo em casa do jeito que falo ao vivo na televisão. Se a pessoa quiser ser formal o tempo todo, também vai ficar esquisito”, afirmou às dibradoras.
Pela origem popular do futebol, a escolha do “dibre” por este blog não foi por acaso. Queremos com ele nos aproximar daqueles que amam e vivem esse esporte todos os dias. Porque futebol representa isso para nós, é para homens e mulheres, crianças e idosos, brancos e pretos, doutores e analfabetos. Não é uma consoante que poderá nos separar. Sendo assim, pedimos licença ao dicionário e à formalidade da língua para sermos “dibradoras”, conforme manda o bom futebolês.
*Agradecimentos especiais à ESPN pela cessão do espaço para a gravação desse vídeo.