Ana Marcela Cunha conquistou o ouro na Maratona Aquática nos Jogos Olímpicos de Tóquio. O quarto ouro do Brasil nesta Olimpíada é de uma mulher que lutou muito nos últimos quatro ciclo olímpicos para que essa medalha chegasse. E foram mais frustrações do que glórias até aqui. Até hoje.
Aos 29 anos, Ana Marcela fez uma prova impecável nos 10 Km em águas abertas, colocou um corpo de distância em cima da segunda colocada, a campeã olímpica de 2016, a holandesa Sharon Van Rouwendaal, e garantiu o lugar mais alto do pódio.
A primeira Olimpíada dela havia sido em Pequim-2008, há 13 anos. Ela tinha apenas 16 anos e conquistou o quinto lugar na decisão. Só que em Londres-2012, Ana Marcela não conseguiu a classificação para os Jogos e precisou esperar mais quatro anos para voltar a ter chance de buscar uma medalha.
Na Rio-2016, competindo em casa, a nadadora acabou deixando o gelzinho cair em uma das paradas para se hidratas e acabou passando mal na prova. Ficou com a 10ª colocação.
Ela seguiu firme treinando para Tóquio, e aí veio uma pandemia que adiou seu sonho. Mas Ana Marcela estava pronta para esse momento.
“Esse é o meu quarto ciclo olímpico. O que eu posso dizer é: acredite nos seus sonhos, não desistam. Eu acredito e acreditei nisso. Sonhava muito com uma medalha olímpica. Ia ter um gostinho especial ser campeã. Todos os brasileiros que ganharam medalha até agora foram uma inspiração. É aquilo que o (Fernando) Scheffer falou, que o César Cielo fala: uma raia, uma chance. Aqui é isso também, deixei escapar por algumas vezes, mas hoje pude sair daqui campeã olímpica”, afirmou Ana Marcela ao Sportv.
A prova dela foi impecável, como definiu o próprio técnico, Fernando Possenti, assim que ela saiu da água. “Hoje eu não tenho nada pra te falar. Prova impecável”, ele disse.
Uma conquista marcante porque, se Ana Marcela já colecionava ouros em Mundiais em provas que são suas maiores especialidades (5 Km e 25 Km) – são cinco no total -, faltava a ela um pódio olímpico. E hoje ela mostrou o quanto estava pronta para isso durante a prova.
“Falei pro Fernando (técnico) hoje: para ganhar de mim, vai ter que nadar muito. Eu sabia o quanto eu estava preparada. Eu fiz a minha prova. Uma coisa que eu aprendi é ser feliz, ser feliz fazendo o que eu amo e hoje eu estava assim.”
Ninguém conseguiu nadar tanto quanto ela hoje. E Ana Marcela conquistou o terceiro ouro feminino do Brasil em Tóquio. Das quatro vezes que o hino brasileiro tocou neste Jogos Olímpicos, três delas tinham mulheres no pódio.