Após eliminação do Brasil para o Canadá nas quartas de final dos Jogos Olímpicos de Tóquio, a técnica Pia Sundhage começou a coletiva de imprensa pedindo desculpas pela eliminação e declarando que iria fazer a “a lição de casa”
“Eu fico triste, é uma pena não ter chegado à semifinal. Preciso fazer a lição de casa pra melhorar na próxima vez. Foi uma partida muito importante, jogamos bem, poderíamos ter aumentado a velocidade e o ritmo, e o Canadá ganhou a partida nos pênaltis que sempre é difícil”, declarou a treinadora.
A lateral-esquerda Tamires afirmou que a postura das canadenses no jogo foi mais retraída, tentando chegar ao gol usando os contra-ataques e, quem sabe, levando a decisão para as cobranças de pênaltis.
“Achei que a gente começou (o jogo) entregando muita bola para o Canadá e depois a gente se organizou. Tivemos mais posse de bola, colocamos mais a bola no chão, encontramos espaços, tivemos chances de fazer o gol e acabamos não conseguindo. Foi um jogo muito equilibrado, o Canadá propôs o jogo no contra-ataque em cima da gente. A gente conseguiu manter o ritmo e ir pra cima e elas a todo momento bem fechado, querendo levar o jogo pros pênaltis e conseguiram”, afirmou a camisa 6.
Tamires também revelou que a equipe treinou cobranças de pênaltis durante o treino que antecedeu o jogo e que todas haviam ido muito bem. “Se perdemos, perdemos juntas. Se ganhamos, ganhamos jutas. Agora é erguer a cabeça, seguir trabalhando e fazendo o nosso melhor.”
Ao analisar sua chegada ao Brasil e projetar o futuro, Pia disse acreditar em um futuro brilhante para a modalidade no país. “Se o Brasil quer estar no mais alto nível internacional, e nós queremos, há duas coisas, melhorar um pouco: o condicionamento físico e a parte mental. Acho que temos um time coeso, mas ainda há espaço para melhorar na parte física e na parte mental, para lidar com qualquer tipo de dificuldades”, opinou.
A treinadora, que tem como hábito elogiar o sistema defensivo do plantel, respondeu quando questionada sobre os outros setores (defesa e ataque), dizendo que a seleção ainda precisa encontrar um equilíbrio e uma jogadora que faça a função de criar e defender.
“Falando sobre o que podemos fazer melhor, eu diria organizar a defesa. Colocamos muito esforço nisso. Precisamos de meio-campistas que controlem o ataque, quero ver mais jogadoras como Angelina e Formiga, que têm os dois lados (ataque e defesa). Talvez a gente pudesse ter feito mais no ataque hoje, mas aí não teríamos sido tão boas na defesa. Para mim é um equilíbrio. Encontrar essa jogadora criativa é o mais importante, essa jogadora que defende e ataca, que encontra espaço no último terço, o último passe. Temos essas jogadoras no Brasil, mas elas não são tão boas defensivamente, e não conseguimos jogar 90 minutos em nível internacional. Meu trabalho é esse, trabalhar a parte física e melhorar um pouco mais organização. Futebol é atacar e defender juntas.”
Tamires reforçou o discurso de Pia. “A gente precisa melhorar fisicamente, taticamente e mentalmente para que a gente possa estar cada vez mais nesse nível mundial. Acho que o Brasil tem tudo pra crescer como o futebol mundial vem crescendo, tem tudo pra ser uma grande seleção, então nossas atletas tem que se inspirar cada vez mais no que vem acontecendo com a nossa modalidade e acreditar sempre.”
A lateral-esquerda, que serve a seleção há quase uma década, classificou o trabalho da atual comissão como incrível. “Venho há oito anos servindo a seleção e a cada dia eu aprendo. Aprendi muito com essa comissão técnica, vi que a gente não se ganha só dentro de campo, se ganha também fora de campo. Estamos muito juntas e serviu muito pra mim cada aprendizado, me sinto inspirada todos os dias. Hoje estou muito triste com a derrota, mas o meu sonho não acabou, continuarei trabalhando firma para seguir fazendo o que eu mais amo que é jogar futebol”
