O Campeonato Brasileiro ganhará uma nova divisão em 2022. Atualmente, a competição se divide em Série A1 e Série A2, a primeira com 16 equipes, e a segunda com 36. A partir do ano que vem, no entanto, muita coisa irá mudar – a começar pela criação de uma terceira divisão que impactará em mudanças significativas em todo o calendário nacional para as mulheres.
A Série A1 permanecerá com 16 equipes, mas só dois clubes cairão para a segunda divisão ao final da temporada de 2022. A Série A2, por sua vez, terá também 16 clubes, com apenas os dois finalistas garantindo o acesso à primeira divisão e os quatro últimos colocados sendo rebaixados.
E a grande novidade será a Série A3, com a participação de 32 equipes, num formato similar ao da Copa do Brasil masculina, com todos os jogos sendo eliminatórios – a primeira fase podendo ser apenas jogo de ida, caso algum dos times vença por três ou mais gols de diferença, e as fases subsequentes sendo sempre com jogos de ida e volta.
Com isso, serão 64 equipes femininas em atividade em competições nacionais, o triplo do que acontecia em 2013, quando o Brasileiro feminino foi criado (muito tardiamente, diga-se).
A evolução aconteceu assim:
2013: criação da A1 com 20 times
2017: criação da A2, garantindo duas divisões com 16 times cada
2018: A1 com 16 times, A2 com 29 times
2019: A1 com 16 times, A2 com 36 times
2022: A1 com 16 times, A2 com 16 times, A3 com 32 times
Terão vaga na A2 do ano que vem aquelas equipes que passarem da primeira fase do torneio neste ano e as quatro equipes que caírem da A1. Na A3, o critério de classificação será: os 27 campeões estaduais somados aos quatro primeiros colocados do ranking de 2022 do futebol masculino e a última vaga será destinada à melhor federação ranqueada pela CBF no futebol feminino .
A partir de 2023, porém, já não será mais necessário utilizar o critério do ranking do masculino. A competição acontecerá com os 27 campeões estaduais somados aos quatro times que caírem da A2 e permanecendo a última vaga para a federação melhor ranqueada no feminino.
As três divisões terão premiação. A A1 e A2 tiveram um aumento no valor oferecido a campeão e vice para esta temporada – o primeiro lugar da A1 leva R$200 mil, e o segundo leva R$100 mil. Na A2, o campeão fica com R$60 mil, e o vice fica com R$40 mil. Para a terceira divisão, os valores não foram definidos ainda.
“É um avanço muito grande de aumentar o número de clubes no certame nacional. São 12 times a mais, é bastante. Dá um passo importante pra gente no futuro poder ter A1 e A2 com 20 clubes. São momentos importantes para o desenvolvimento do futebol feminino. Entendo que agora chegou a hora, porque conseguimos garantir que todas as divisões entreguem um bom produto. Competitivo, com bom nível técnico. Quem quiser avançar, vai ter que fazer algo diferente”, explicou a coordenadora de competições femininas da CBF, Aline Pellegrino.
A leitura da CBF é que a A2 já está desnivelada na primeira fase, com equipes em uma “zona de conforto”, já que sabem que têm cinco jogos garantidos e uma premiação para cumprir essa tabela. Isso faz com que sobrem goleadas nesse início da competição.
Por exemplo, na primeira rodada do torneio, que começou neste fim de semana, já teve um 9 a 0 do ESMAC em cima do São Raimundo, 7 a 1 do Iranduba sobre o Oratório, 6 a 0 do Fortaleza sobre o Tiradente entre outros resultados discrepantes. Esses times goleados provavelmente seguirão sofrendo derrotas expressivas em todas as rodadas da primeira fase.
“Tendo uma A2 diferente, a gente incentiva clubes que já se desenvolveram melhor e querem ter chance de subir e, com a A3, a gente incentiva também os outros clubes a se desenvolverem”, explicou Aline Pellegrino.
Com a criação da A3 num formato “mata-mata” desde a primeira rodada, isso obrigaria os clubes a levarem mais a sério a preparação para a competição – ou então serão eliminados já na primeira partida. E tornaria também a A2 mais competitiva e disputada, como acontece com a Série B do futebol masculino.
Pellegrino reforça que cada passo precisa ser pensado de acordo com o momento do futebol feminino.
“A gente queria que tivesse começado 20 anos atrás. Mas tem clubes que nem começaram ainda. Só que não dá para olhar pra trás mais, só pra frente. Essa mudança de percepção demora. Todas as pessoas que trabalharam na cadeia do futebol sempre trabalharam só com o masculino. Então a gente tem que entender que o processo leva tempo. Entre enfiar goela abaixo, eu prefiro construir. Assim a gente consegue ter algo mais sólido e permanente”.
Mais informações sobre a novidade na coluna de hoje na Folha de S. Paulo.
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