Após hepta na Copa América, Brasil tem teste contra seus fantasmas nos EUA

Foto: CBF

A seleção brasileira de futebol feminino conquistou em abril a classificação para a Copa do Mundo do ano que vem confirmando sua hegemonia em território sul-americano e vencendo a Copa América com poucas dificuldades. Agora, já se preparando para o Mundial, a equipe comandada pelo técnico Vadão terá um bom teste a partir desta quinta-feira, no Torneio das Nações, que acontecerá nos Estados Unidos.

Os adversários serão os maiores “fantasmas” brasileiros nos últimos anos. O primeiro desafio será contra a Austrália ás 17h15 (horário de Brasília) nesta quinta, depois o Brasil enfrentará o Japão no domingo e por último os Estados Unidos na quinta-feira.

As americanas são desde sempre as rivais que mais assombram a seleção brasiliera. Foi para elas que perdemos as finais olímpicas em 2004 e 2008 e contra as quais sempre sentimos dificuldades. No ano passado, nesse mesmo torneio, chegamos a estar ganhando de 3 a 1 dos Estados Unidos já na metade final do jogo, mas acabamos derrotadas por 4 a 3 em uma virada inacreditável.

Já o Japão é um adversário que cresceu muito nos últimos anos, foi campeão mundial em 2011 e, vice em 2015 e figura nas primeiras colocações do ranking da Fifa de futebol feminino (6º lugar). Na última edição do Torneio das Nações em 2017, também não conseguimos vencê-las e ficamos no empate

A Austrália, por sua vez, tornou-se uma enorme pedra no sapato nos últimos anos. O investimento que tem sido feito no futebol feminino por lá tem se refletido dentro de campo, e a seleção australiana já está entre as 10 melhores do mundo (na oitava colocação, atrás do Brasil). Foram elas que nos eliminaram precocemente nas oitavas de final da Copa do Mundo de 2015, e nos reencontramos em um jogo duro nas quartas da Olimpíada de 2016 – o Brasil venceu aquele jogo nos pênaltis. Por último, no ano passado, perdemos de goleada (6 a 1) para a Austrália no Torneio das Nações.

Sem dúvida, será um grande teste para uma seleção em formação que passou por muitas mudanças nos últimos 12 meses. No ano passado, era Emily Lima quem estava no comando, e agora é Vadão quem está de volta. A novidade é que a comissão técnica agora tem uma mulher, como manda a nova regra da Fifa, e a ex-jogadora Bia Vaz é quem foi escolhida para ocupar esse espaço.

Foto: CBF

Com conhecimento de causa de seus tempos de jogadora e, ao mesmo tempo, com a preparação que adquiriu em cursos de gestão e de treinadora, Bia faz parte da equipe que busca um “amadurecimento tático, técnico e psicológico” da seleção feminina, já pensando na Copa do Mundo e na Olimpíada de 2020.

Sem as atacantes Cristiane e Andressa Alves, a zagueira Rafaelle e a lateral Fabi (não foram liberadas pelos clubes porque o torneio não é em data Fifa), o Brasil terá um grande teste nos próximos dias, e Bia juntamente com a comissão técnica tenta adaptar o melhor estilo de jogo para enfrentar cada uma das adversárias. Conversamos com ela sobre esse desafio (ouça a entrevista completa aqui):

IMPORTANTE: HAVERÁ TRANSMISSÃO DO TORNEIO NO SITE DA CBF E NO SPORTV.

~dibradoras: Quais são os principais objetivos da seleção nesse torneio?

Bia Vaz: São jogos totalmente diferentes, a gente jogou a Copa América que é um estilo sul-americano de jogar, e agora são 3 seleções com três escolas diferentes, com equipes completas que também estão se preparando pro Mundial, enquanto a gente vem com equipe 80% completo.

As pessoas sempre esperam muito do Brasil. E as seleções sempre crescem muito quando vão enfrentar o Brasil. Mas o que a gente tem tentado implementar com as atletas é esse amadurecimento como time mesmo. Todas têm que fazer parte do todo, têm que se sentir responsável pelo todo. Tem sido uma construção que a gente tem compartilhado com elas. Elas precisam entender o que é o sistema de jogo, o modelo de jogo, por que essas ocupações de espaço, por que essa compactação. É um construção de conhecimento conjunto, a gente tenta amadurecer junto. Qual é o papel de cada uma, por que as outras têm outra função e o que cada uma vai acrescentar no jogo.

É isso que a gente tem tentado passar, construções novas, conhecimento novo. Uma coisa também que a gente trabalha muito é que não é só a especialização de uma nova função dentro do campo. Todas elas precisam entender o que está acontecendo, fazer a leitura do jogo e saber o que fazer na hora, porque dentro de campo elas também precisam estar preparadas para resolver problemas.

~dibradoras: Quais são as principais características desses adversários que a seleção irá enfrentar nesse torneio?

Bia Vaz: Acho que são escolas muito diferentes de futebol. A Austrália tem transições ofensivas, elas procuram amplitude do campo e profundidade. É um jogo muito difícil com transições muito rápidas. Elas ocupam muito bem o campo e chegam sempre ao ataque não com duas ou três jogadoras, mas com cinco ou seis. Nos últimos jogos que analisamos elas propuseram o tempo todo o jogo, uma volante entra na linha de zaga, as duas laterais sobem e elas sempre estão em superioridade numérica, o campo ficam mais longo pra elas. São atletas com muita força física e muita velocidade. Traz um desafio enorme de percepção de jogo. Temos trabalhado muito na análise dos jogos. Então é muito bom encontrar com essas seleções porque são modelos de jogo diferentes, traz um amadurecimento importante pra nós.

Foto: CBF

Já o Japão é trabalho com compactação e jogo apoiado. Não é de transição. As japonesas não têm medo de sofrer pressão, esperam momento certo para gerar o erro do adversário para se aproveitar dele. São bem diferentes. Elas não arriscam tanto, não abrem tanto espaços. Essas bolas de infiltração são mais difíceis pra nós, porque elas ocupam bem o espaço, então teremos mais dificuldade para infiltrar.

E a seleção americana fica na faixa intermediária, gostam muito dessa transição com bola longa nas costas da zaga. Os EUA sempre foram desafio enorme, porque a gente sempre chega perto e por motivo ou outro, um detalhe ou outro, escapa uma vitória. O que a gente percebe é uma força mental muito grande delas, elas não deixam que a adversidade seja maior do que a proposta de jogo que elas têm. Esse será um dos nossos maiores desafios no torneio.

~dibradoras: Você faz seu primeiro trabalho como auxiliar agora na seleção e parou de jogar há pouco tempo. Como tem sido essa transição e a experiência de ser a única mulher a ocupar esse posto?

Bia Vaz: Tem sido momento de muito aprendizado, de muita troca de informação e acho que a gente tem conseguido coisas muito boas juntos, principalmente com essa troca de informações com o pessoal da comissão. Eles me dão muita liberdade, confiança e isso é muito importante, faz com que o trabalho fique bom, faz com que o ambiente se torne agradável. O desafio é grande porque você começa a olhar as coisas numa perspectiva diferente. Mas estou aqui disposta a aprender muito e a contribuir da melhor maneira possível.

TABELA DO TORNEIO DAS NAÇÕES

Brasil x Austrália, 26/7 às 17h15
Brasil x Japão, 29/7 às 17h15
Brasil x EUA, 2/8 às 21h30

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