Com apoio de Marta e ‘maior torcida do país’, Manaus quer Libertadores

Foto: Michael Dantas/All Sports

A Arena da Amazônia tinha tudo para virar um elefante branco após a Copa do Mundo, mas acabou salva pelo futebol feminino. Ele mesmo, que é visto como ‘patinho feio’ por tantos clubes e dirigentes, fez o futebol respirar de novo na capital amazonense. E agora para alçar novos voos na modalidade, o plano é fazer de Manaus a sede Libertadores feminina.

A campanha manauara já começa com uma embaixadora de peso: Marta Vieira da Silva. Ela mesma, cinco vezes melhor do mundo e atualmente craque do Orlando Pride, a brasileira declarou publicamente seu apoio a Manaus mandando esse recado em vídeo para a Conmebol.

 

 

Além da camisa 10, quem está apoiando Manaus – e, mais ainda, encabeçando a candidatura – é o Iranduba, o time que foi a sensação do último Campeonato Brasileiro e o grande responsável por fazer ressurgir o futebol na capital amazonense.

O Iranduba foi fundado em 2011, mas ganhou projeção nacional a partir de 2016, quando chegou ao mata-mata do Brasileiro e passou a atrair milhares de torcedores para o estádio. Não foi à toa, foi resultado de um planejamento minucioso que tinha por objetivo fazer do clube amazonense “o maior do futebol feminino no país em cinco anos” – palavras de Lauro Tentardini, diretor de futebol do chamado “Hulk” desde 2016, quando saiu do tradicional Kindermanm (de Santa Catarina) para fazer história em Manaus.

Em pouco tempo, o time conquistou a simpatia para muito além das fronteiras manauaras – não há fã de futebol feminino que não tenha ‘adotado’ de certa maneira a equipe amazonense. E dentro de casa, o clube é absoluto, numa cidade que era bastante carente de futebol, já que as equipes locais não disputam as principais divisões do Brasileiro no futebol masculino.

É exatamente essa força da torcida que o Iranduba quer usar para convencer a Conmebol a levar a Libertadores de 2018 para Manaus. No ano passado, foram dois recordes de público – os maiores da história em jogos de clubes femininos por aqui: 15.107 pessoas contra o Flamengo e 25.371 contra o Santos. E Tentardini garante que na competição sul-americana não será diferente.

Foto: Divulgação

“Hoje, o Iranduba tem a maior torcida do país no futebol feminino e uma das maiores do mundo. No Amazonas, o futebol é prioritariamente feminino e, trazendo uma grande competição, vamos conseguir atrair mais público, mais mídia e mais patrocinadores”, disse o diretor de futebol do Iranduba às dibradoras.

O outro argumento para “ganhar” a Conmebol é a estrutura que Manaus pode oferecer para o torneio. Sede da Copa do Mundo de 2014, a cidade tem uma rede hoteleira preparada para receber as equipes, segundo Tentardini, além de estádios adequados e um público sedento pelo futebol feminino.

“A Arena da Amazônia tem capacidade pra 44 mil pessoas, temos também o Estádio da Colina que tem capacidade para 10 mil e ainda um extra que é o do Sesi, que também tem excelente estrutura”, afirmou o dirigente.

“O apoio da Marta é importante. E nós estamos fazendo um coro nas redes sociais também. Nossa campanha é baseada na história do nosso torcedor e numa cidade que tem estrutura de Copa do Mundo e que é muito acolhedora”, pontuou.

Estrutura do campeonato

Independentemente da sede escolhida – Foz do Iguaçu (do Foz Cataratas) e Santa Cruz de la Sierra (Deportivo Ita, da Bolívia) são as outras candidatas -, o mais importante para a Libertadores feminina deste ano será garantir uma boa estrutura e apagar a ‘fama’ de competição ‘abandonada’ deixada por outras edições.

No ano passado, por exemplo, o calendário de jogos teve de ser modificado de última hora porque o time do Corinthians praticamente inteiro sofreu intoxicação alimentar dentro do hotel designado pela Conmebol para receber as delegações. Em 2015, o problema foi a falta de estrutura dos estádios e um apagão que tomou conta de um dos jogos.

“Acho que a gente não pode criticar por criticar. Tem que criticar de uma forma que construa uma situação melhor, e as coisas estão evoluindo. Até 2013, nós não tínhamos Campeonato Brasileiro, temos duas divisões agora, mais jogos. A Conmebol está fazendo que dá no momento, mas sei que há novos projetos, sei que em 2021 a ideia é dar uma grande melhorada e que ela está procurando oferecer melhores condições”, observou Tentardini.

Foto: Divulgação

A taça da América passou a ser disputada no futebol feminino em 2009, no Brasil, com 10 equipes. Em 2011, evoluiu para 12. Mas desde então, pouquíssima coisa mudou na organização. Ainda temos apenas 12 times na disputa (o detentor do título, o clube campeão de cada uma das dez associações da Conmebol, e uma equipe adicional do país sede), ainda temos apenas 15 dias de competição e ainda temos um calendário com data e local do torneio definidos de última hora.

Sendo assim, apesar de contar com o excelente apoio de uma torcida apaixonada, Manaus tem um ponto negativo na disputa que é a distância. Chegar na capital amazonense exige voos mais longos para as equipes da América do Sul e uma adaptação maior – o que fica ainda mais difícil considerando que a competição dura apenas 15 dias e tem jogos quase que dia sim, dia não.

De qualquer forma, receber um torneio importante como a Libertadores poderia fortalecer ainda mais o futebol feminino em Manaus – e o próprio Iranduba. E pode também ajudar na tal evolução da competição, já que um torneio com público maior, atrai mais visibilidade, mais mídia e, consequentemente, pode trazer também mais investimento e interesse de patrocinadores. Esperemos que assim seja, porque já passou da hora da Libertadores feminina deixar de ter ares de amadora e passar a ser realmente profissional.

 

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