Brasil é superado pelos EUA e fica com a terceira prata olímpica

Depois de bater França e Espanha no mata-mata, o Brasil conseguiu vaga à final olímpica 16 anos depois, e, mais uma vez, contra os Estados Unidos. A seleção de Arthur Elias jogou melhor no primeiro tempo, criou mais chances, teve um gol de Ludmila anulado por impedimento e viu as adversárias marcarem o único gol da partida na segunda etapa com Mallory Swanson. Com esse resultado, o Brasil e Marta se despedem de Jogos Olímpicos com a terceira medalha de prata, sendo que a camisa 10 se torna a única brasileira com três medalhas olímpicas no futebol. O Brasil segue sem conseguir vencer os Estados Unidos em finais.

Primeiro tempo

A seleção começou imprimindo mais intensidade com a velocidade de Ludmila pelo lado esquerdo e com Gabi Portilho vencendo duelos dentro da grande área e levando perigo à meta estadunidense. Logo aos dois minutos de jogo a própria Ludmila recebeu bola dentro da área, mas não finalizou bem.

Aos 15 minutos, Ludmila, mais uma vez, conseguiu vencer Naomi Girma pelo lado esquerdo, infiltrou e bateu pra dentro do gol, mas a arbitragem anulou por impedimento.

Aos 21 minutos, em nova chance pelo Brasil, Adriana surgiu pela direita, carregou a bola e foi derrubada por Crystal Dunn dentro da área. A arbitragem não deu pênalti, o lance foi revisado pelo VAR mas não alterou a marcação de campo.

Adriana reclamou de pênalti quando o jogo estava empatado. Foto: Rafael Ribeiro / CBF

O Brasil continuou com mais chances, sobretudo em bolas aéreas e bolas paradas, mas não soube aproveitar. Os Estados Unidos tentavam contra-atacar com Trinity Rodman e Sophia Smith, mas parando na goleira Lorena. Nos acréscimos, a principal chance do Brasil: Gabi Portilho finalizou à queima-roupa, obrigando a goleira Naher a fazer grande defesa. Nas estatísticas, a seleção foi superior em todos os quesitos: posse de bola (53% a 47%), finalizações (5×2), desarmes (8×5) e passes certos (68% a 57%).

Segundo tempo desconectado

A técnica inglesa Emma Hayes provavelmente deu uma bela bronca nas jogadoras dos Estados Unidos no vestiário, porque a equipe voltou mais concentrada na segunda etapa, frequentando a área brasileira. Aos três minutos, Yayá foi ao chão e precisou ser substituída por Ana Vitória. Antes de conseguir entrar no jogo, o Brasil permitiu escapada em velocidade de Mallory Swanson, que avançou mais rápido do que a defesa brasileira e venceu a goleira Lorena aos 11 minutos.

Arthur Elias mexeu de novo, promovendo a entrada de Marta, Priscila e Angelina no lugar de Jheniffer, Duda Sampaio e Ludmila, mas continuou com muita dificuldade em criar jogadas e levar perigo à área adversária. O time dos Estados Unidos ganhou volume com Trinity Rodman e Sophia Smith, que se aproveitavam de espaços deixados no meio campo. Nos minutos finais da partida, a seleção brasileira insistiu com Marta, Adriana e Gabi Portilho, mas não conseguiu vencer a goleira Naher.

“A gente foi muito bem no primeiro tempo, só que a gente não matou o jogo, infelizmente. E futebol é detalhe. A gente acabou perdendo oportunidades e tivemos chance até no finalzinho, com Adriana, mas a goleira foi muito bem. Depois de 16 anos a gente colocou o Brasil no pódio. A gente está muito orgulhosa de tudo por acreditar no trabalho do Arthur e a gente abraçou a ideia dele, estamos muito contentes com essa medalha”, avaliou Tarciane após a partida.

“O Brasil precisava fazer coisas diferentes para ter um resultado diferente e isso foi feito. Eu sempre acreditei nisso. A seleção feminina volta ao patamar que merece estar, disputando grandes jogos e finais de campeonatos importantes. Uma hora a gente vai vencer, que seja na Copa do Mundo, em casa, ou em uma próxima Olimpíada. O Brasil vai sempre ser muito competitivo e cada um precisa respeitar a história de vida dessas jogadoras e a dedicação que elas têm”, comemorou o técnico Arthur Elias após a cerimônia de entrega de medalhas.

E o saldo?

Marta se despede de Olimpíadas como a maior medalhista brasileira no futebol. Foto: Rafael Ribeiro/ CBF

No final das contas, o Brasil chegou ao seu teto no futebol feminino em Olimpíadas: a medalha de prata, a terceira, somando-se às conquistadas em Atenas-2004 e Pequim-2008. Depois de conseguir vencer tabus importantes, como bater a França pela primeira vez na história, e a Espanha, atual campeã do mudo, a seleção ainda tem como meta derrotar os Estados em Unidos finais.

Mas num ciclo olímpico em que a disputa por medalha se mostrava um desafio, chegar na terceira final olímpica da história deveria ser comemorada como uma medalha à parte. “Eu tenho muito orgulho dessa medalha de prata. Para nós vale ouro, porque a gente fez uma grande competição, a gente superou obstáculos e adversidades, a gente merece reconhecimento. Que essa prata sirva de muito crescimento para o futebol brasileiro, muita visibilidade. Temos um grupo muito jovem aqui e eu tenho certeza que a gente vai conquistar grandes coisas ainda”, disse a atacante Gabi Portilho após a partida.

E outra, não menos importante: permitir que a rainha Marta se despedisse de Olimpíadas jogando uma final, e não expulsa contra a Espanha numa partida de fase de grupos, como até então se desenhava. Resgatando o desabafo que fez após a Copa do Mundo de 2019, também na França, quando disse que era necessário “chorar no começo para sorrir no fim”, a própria jogadora acredita que a seleção está no caminho correto.

“Eu acho que a gente tá, porque eu estou chorando de gratidão, de felicidade. Não é lamentando que a gente ficou com a prata. Olha como a gente teve que se superar nessa competição. Então essa prata é o resgate do orgulho que a gente tem que sentir quando coloca a camisa da seleção brasileira e joga com alegria, com vontade, determinação, perseverança. Prata aqui, ouro na vida”, disse a rainha.

Saldo promissor para o próximo ciclo olímpico e mundial, lembrando que a Copa do Mundo de 2027 será realizada no Brasil. “O Brasil tem grandes jovens, grandes talentos, a gente tem muita potência no futebol brasileiro. É o início que o respeito que o Brasil vai ter porque a gente fez uma grande Olimpíada. A gente vai crescer, vai amadurecer e trabalhar mais porque o Brasil é potente e tem tudo pra ganhar essa Copa do Mundo em casa”, projetou Portilho.

“É uma virada de chave, essa é minha terceira Olimpíada, a gente bateu na trave na Rio-2016, ficando com o quarto lugar. E dessa vez, depois de muitos anos, a gente conseguiu um pódio especialmente depois do que a gente passou na Copa do Mundo (com eliminação na fase de grupos). Acho que é um novo começo, uma mensagem que a gente manda para o Brasil, para as meninas que estão começando agora. Acho que o futebol feminino cresceu muito no último ano, com o trabalho dessa comissão técnica. E agora acho que é só melhorar isso aí. Essa medalha representa muito, representa trazer o Brasil pra junto da seleção brasileira, o torcedor pra assistir os jogos do futebol brasileiro novamente e vamos fazer com que isso só cresça para a Copa do Mundo em casa”, completou Rafaelle.

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