O Brasil soube crescer em cima de todas as adversidades. Classificação no detalhe? Lesões? Desfalques? Tabus? Favoritismo das adversárias? Pode trazer. Como diria Rafaela Silva, judoca medalhista de bronze por equipes, “vai na força do ódio”. E de repente foi, mesmo, um pouco de ódio que faltava ao coração da seleção brasileira nesta Olimpíada.
No mata-mata, esse ódio foi transformado em frieza contra a França, equipe que nunca tinha perdido para o Brasil, nas quartas de final. E em agressividade contra a Espanha, equipe que tinha vencido as brasileiras por 2 a 0 na fase de grupos, na semifinal.
“Acho que a gente merece muito, a gente pegou uma fase de grupos bem difícil, bem difícil mesmo. A gente criou uma casca que só deu muita confiança. A gente não classificou da forma que queria mas sabíamos que quando chegasse no mata-mata seria outro campeonato, e foi o que a gente fez”, disse Kerolin às Dibradoras após a vaga para a final estar garantida.
Pressionando a saída de bola das atuais campeãs do mundo, sufocando a troca de passes e surpreendendo em contra-ataques valorizando a velocidade das atletas brasileiras, a seleção de Arthur Elias mostrou que aprendeu com os erros da fase de grupos e cresceu em cima deles. Como disse o próprio treinador antes mesmo da confirmação da vaga para as quartas: “A hora de errar era essa”. E as próprias atletas concordam com as mudanças que seguiram.
“A gente jogou totalmente diferente que na fase de grupos. É o nosso melhor, a gente marcar em cima, pressionar. A gente poderia… Eu poderia ter marcado dois gols. Não sabia se eu pegava de primeira ou não. Mas a gente fez um baita jogo, eu tô muito orgulhosa da gente chegar numa final”, avaliou Gabi Portilho, autora do segundo gol.
O Brasil chega para a final contra os Estados Unidos, neste sábado, com a moral elevada por ser um finalista fora das projeções. Conseguiu resultados tão expressivos como convincentes nos dois duelos do mata-mata: foi superior em estratégia e execução em ambos confrontos contra equipes melhores no ranking. Adaptou o estilo de jogo para cada jogo, soube sofrer quando necessário e fez leituras importantes para “esfriar” a partida nos minutos finais.
Novinhas dando conta
E mais: a juventude, ou a nova geração que assumiu a responsabilidade. Contra Espanha, o Brasil não pôde contar com suas atletas mais experientes, já que Tamires, Rafaelle e Marta não estavam disponíveis. Mas Lauren, Tarciane, Yaya e companhia deram conta. Jogadoras, aliás, que já no Mundial Sub-20 de 2022, contra a base dessa mesma Espanha, mostraram que tinham futebol e talento para competir. Naquela edição, as brasileiras perderam o bronze.
Mas voltemos a Paris-2024. Contra os Estados Unidos, seleção que o Brasil já enfrentou (e perdeu) nas duas finais olímpicas que disputou, uma nova análise é necessária para avaliar o estilo de jogo que anule as estadunidenses como anulou as francesas e espanholas. Assim como as brasileiras, elas estão em fase de reconstrução e em busca de retomar o protagonismo na modalidade.
E, para isso, até faz sentido para o Brasil investir numa equipe que não tenha vivido as duas vezes em que a seleção conquistou as pratas olímpicas (em Atenas-2004, quando perdeu a final por 2 a 1, e em Pequim-2008, quando foi superada por 1 a 0) para evitar a “herança maldita” das finais.
“Já foi identificado desde as primeiras convocações, eu sei muito bem o histórico, quanto as pessoas trataram mal as nossas maiores jogadoras, que foram fantásticas e principalmente as gerações que vieram depois por não terem vencido e terem esse histórico negativo contra os Estados Unidos e outras seleções. Eu sei o quanto isso atrapalha elas em momentos do jogo. Eu fiz uma convocação com várias atletas que não têm esse histórico, que não têm essa memória, então isso acho que foi uma decisão acertada, respeitando todas, dando chance para todas. E, porque quando a gente conquistar o ouro, vai ser a medalha de todas elas. Eu acho que a gente está próximo e vamos trabalhar muito nesses três dias para isso”, completou Arthur Elias.
The last dance da melhor de todos os tempos
Marta nem precisa entrar em campo para ser protagonista da seleção brasileira. Porque a principal missão que ela tinha enquanto maior referência do futebol feminino no Brasil era ver a seleção jogar – e jogar bem – sem ela. Por ela, que fosse. Vale lembrar o desabafo da rainha na eliminação para a França nas oitavas de final da Copa do Mundo de 2019: não vai existir uma Marta para sempre.
Seria quase poético o Brasil chegar ao primeiro ouro olímpico sem precisar de Marta como titular, embora ela tenha futebol, experiência e merecimento suficientes para liderar a equipe em direção ao lugar mais alto do pódio. Mas essa é uma questão tática, técnica ou estratégica que será tomada em prol do principal objetivo: a medalha decor diferente das duas que já temos.
Afinal, a seleção feminina chorou muito, de tristeza, de ódio, de emoção. Mas olha só: não é que estamos sorrindo, enfim?
Uma resposta
A gente chegou ate aqui por causa da Marta. Nesse “aqui” entende se a final e entende-se a própria carreira profissional de todas as outras que sem ela, provavelmente nem teria existido.
Dito isso, gostaria de dar um palpite. Que seria bom fosse levado em contaq pelo Elias e tal. O MOTIVO. O motivo de termos levado duas ‘prorrogaçoes” de 20 e de 18 minutos é algo que esta na cabeça da imprensa e dos arbitros-as estrangeiros: o fato que ainda somos “cai-cai” e damos ”migue ” de contusao. NA cabeça invejosa deles mas precisamos eliminar o neymarzismo que nos foi legado.É POR ISSO que tomamos essa legalizada e por vezes arbitraria puniçao.
Mas , na bola, avante! Vamos exigir suor e lagrimas das gringas. So a vitoria interessa.”””