Foto: Staff Images / CBF
Arthur Elias convocou a seleção brasileira de futebol para os Jogos Olímpicos de Paris nesta terça-feira (02), na sede da CBF, no Rio de Janeiro. A principal novidade da lista foi a presença da atacante Kerolin, que está sem jogar desde 15 de outubro, quando sofreu uma ruptura no ligamento cruzado anterior (LCA) do joelho direito. “É uma aposta por uma confiança nela e para ter uma equipe equilibrada e com alternativas de mudança de jogo, que vamos precisar diante de um grupo tão equilibrado quanto o que teremos nas Olimpíadas”, explicou o treinador, em entrevista coletiva após o anúncio da lista.
“Ela está no oitavo mês de recuperação da cirurgia de LCA, próxima da recuperação ideal do que se têm de estudos dessa lesão. Eu fui pessoalmente ao clube avaliá-la e vi três treinos dela. Ela já está treinando normalmente com o grupo, fazendo tudo o que as outras atletas estão fazendo. Nessa condições, está liberada para fazer toda a carga de treinos junto da seleção”, explicou Arthur, antes de tecer elogios à atacante do North Carolina Courage, dos Estados Unidos, eleita “most valuable player” (jogadora mais valiosa) da NWSL, a Liga Americana de Futebol Feminino, em 2023.
“A Kerolin é uma atleta que foi eleita a melhor dos Estados Unidos na última temporada, foi uma das principais jogadoras da seleção brasileira nas últimas competições, mesmo jogando em uma posição que ela nunca tinha atuado e com poder de definição e de desequilíbrio do jogo muito alto”, destacou Arthur. Ela havia sido convocada nas três primeiras datas Fifa da equipe sob comando dele, mas precisou ser cortada dos amistosos de novembro contra o Canadá por causa da lesão e ainda não voltou a disputar um jogo oficial.
Ataque recheado (mas sem Cristiane e Debinha)
Em 10 meses à frente da seleção brasileira, Arthur Elias optou por testar o máximo de jogadoras possível. Após a primeira derrota da equipe sob seu comando – diante do Canadá, por 2 a 0, em novembro de 2023, ele ressaltou: “Não vou abrir mão de testar jogadoras”. E permaneceu nessa linha até os últimos amistosos contra a Jamaica, em junho deste ano, quando colocou em campo dois times titulares praticamente todo modificado. Ao todo, Arthur convocou 51 atletas até a lista final olímpica, sendo 18 apenas para o ataque.
Para as Olimpíadas, a comissão técnica brasileira optou por levar sete atacantes, sendo que quatro delas estiveram na última Copa do Mundo: Marta, Adriana, Gabi Nunes e Kerolin. Apesar de não ter disputado o último Mundial, Ludmilla esteve nos Jogos Olímpios de Tóquio e na Copa de 2019. Já Gabi Portilho e Jheniffer, ambas do Corinthians, são estreantes em grandes eventos pela seleção após terem aproveitado bem as oportunidades que tiveram com a amarelinha nesses últimos meses. Com isso, veteranas como Debinha e Cristiane ficaram fora.
Debinha não foi chamada para a She Believes devido a uma lesão muscular na coxa e depois caiu de rendimento, perdendo espaço na seleção. Já as expectativas sobre uma possível convocação de Cristiane, atacante do Flamengo, eram altas. Arthur trouxe a atleta de volta para a seleção na sua primeira convocação à frente da seleção, em setembro de 2023. A centroavante chegou a ficar fora das datas Fifa de novembro e de fevereiro, mas voltou a receber oportunidade na She Believes, em abril, e nos últimos amistosos antes das Olimpíadas, em junho. Segundo o treinador, se os critérios fossem outros como em uma Copa do Mundo em que podem inscrever 23 jogadoras, era provável que Cristiane estivesse na lista.
“A Cris foi bem nos jogos que teve oportunidade na seleção. Precisamos olhar pelo lado positivo de ver a Cris bem no seu clube, sendo artilheira do Campeonato Brasileiro mais uma vez, tendo oportunidade de estar na seleção brasileira com o nosso grupo. Porque esse é o grupo que vai para as Olimpíadas, mas elas representam o trabalho de todas as jogadoras. O fato de a Cristiane, com 39 anos, estar jogando no alto nível e estar nessa briga com grandes jogadoras até o final mostra a grandeza da Cris”, comentou Arthur, ao ser questionado sobre a ausência de Cris na coletiva de imprensa.
🗣️ Arthur Elias sobre a ausência de Cristiane na lista de convocadas para as Olimpíadas 👇🏼 pic.twitter.com/S1XXUWEUeq
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Arthur ainda detalhou os critérios usados na escolha do ataque que buscará o ouro olímpico inédito ao futebol feminino do Brasil: “Precisamos ter variações, não só tática, mas que as jogadoras precisam entender os movimentos em sincronia que fazemos para criar oportunidade de gol. Também precisamos ter perfis variados de atletas. Na nossa seleção, temos jogadoras de velocidade, outras que fazem a camisa 9 e também conseguem fazer função de segunda atacante ou jogar um pouco mais aberta, jogadoras que atuam como pontas e também podem jogar como alas, atletas que jogam como atacantes e que também podem jogar como meio-campistas, caso da Marta”.
Só três meio-campistas?
Apesar da versatilidade das atacantes destacada por Arthur, são poucas as que têm bom poder de marcação e intensidade para atuar centralizada no meio-campo no modelo de jogo adotado pela seleção atualmente, com duas jogadoras nessa função de volante que também podem ajudar na criação ofensiva, seja em uma linha de quatro ou de três defensoras. Entre as atacantes convocadas para as Olimpíadas, a Kerolin já exerceu esse papel – e muito bem – na seleção ainda sob comando de Pia Sundhage, mas existe a preocupação de como ela se comportará fisicamente quando voltar a jogar já em um torneio de tiro curto contra adversários de alta intensidade.
O ponto é que para levar sete atacantes, Arthur optou por convocar apenas três meio-campistas: Duda Sampaio, Yaya e Ana Vitória. Em caso de necessidade por lesão, Angelina é a opção entre as suplentes. Para esse setor, existia uma dúvida se Ary Borges estaria em condições físicas de disputar os Jogos Olímpicos diante de uma lesão recente. Mas, segundo Arthur, ela ainda não estaria 100% fisicamente. Ainda assim, a justificativa do treinador para ser econômico com as meios-campistas foi priorizar o setor mais decisivo do jogo, ou seja, aquele responsável por marcar gols.
“A lista é enxuta. São só três volantes, só três zagueiras, só três laterais, só duas goleiras e, por decisão da comissão, pelo perfil do nosso trabalho e do futebol hoje em dia, convocou um número maior de atacantes, porque é onde exige um número maior de substituições, onde se desgasta mais normalmente e se precisa ter atletas que não estejam tão desgastadas nesse momento decisivo do jogo em que vamos procurar ser uma equipe equilibrada e definir os jogos, colocando a bola na rede”, explicou Arthur na coletiva, ao ser questionado pelo Dibradoras.
Luciana entre as suplentes
A outra surpresa da convocação olímpica ficou por conta da ausência de peso da goleira Luciana, relacionada apenas entre as suplentes. Após a goleira da Ferroviária não ter sido convocada para a última Copa do Mundo pela técnica Pia Sundhage, ela não apareceu novamente na lista final de um grande evento com a seleção após ter participado de todo o ciclo de trabalho, desta vez, liderado por Arthur Elias. O treinador optou por levar Tainá, goleira do América-MG de 29 anos, como segunda da posição do gol do Brasil para as Olimpíadas de Paris.
Preparação final no Brasil e na França
Além dos 18 nomes inscritos nas Olimpíadas e das quatro suplentes, Arthur Elias chamou mais seis atletas para compor a primeira fase de preparação do Brasil para os Jogos Olímpicos, que será composta por treinamentos na Granja Comary, em Teresópolis, a partir desta quinta-feira (4). Essas atletas são: goleira Natasha (Palmeiras), defensoras Mariza (Corinthians) e Vitória Calhau (Cruzeiro), meias Laís Estevam (Palmeiras) e Letícia Monteiro (Internacional) e a Amanda Gutierres (Palmeiras).
A segunda etapa da preparação já será na cidade francesa de Bordeaux, local da estreia brasileira contra a Nigéria e que também servirá de base para a delegação brasileira durante as Olimpíadas. A viagem da delegação para a França está marcada para dia 17 de julho.
O Brasil está no Grupo C do futebol feminino das Olimpíadas. O primeiro adversário será a Nigéria, em 25 de julho, no Estádio Matmut Atlantique, em Bordeaux. O segundo jogo será em 28 de julho, no Parc des Princes, em Paris, contra o Japão, que promete ser o confronto mais decisivo na disputa por uma provável segunda colocação nessa chave. Por fim, a seleção brasileira encara a Espanha, atual campeã mundial, em 31 de julho, novamente em Bordeaux.
A nova comissão técnica da @SelecaoFeminina! pic.twitter.com/dDyJS4H5Nj
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Convocadas para Olimpíadas de Paris-2024
GOLEIRAS
Lorena – Grêmio
Tainá – América-MG
ZAGUEIRAS
Rafaelle – Orlando Pride (EUA)
Tarciane – Houston Dash (EUA)
Thais – Tenerife (ESP)
LATERAIS
Antônia – CBF
Tamires – Corinthians
Yasmim – Corinthians
MEIO-CAMPISTAS
Ana Vitoria – Atletico de Madrid (ESP)
Duda Sampaio – Corinthians
Vitoria Yaya – Corinthians
ATACANTES
Gabi Portilho – Corinthians
Adriana – Orlando Pride (EUA)
Kerolin – North Carolina Courage (EUA)
Ludmilla – CBF
Marta – Orlando Pride (EUA)
Jheniffer – Corinthians
Gabi Nunes – Levante (ESP)
SUPLENTES
Luciana – Goleira – Ferroviária
Lauren – Zagueira – Kansas City (EUA)
Angelina – Meio Campista – Orlando Pride (EUA)
Priscila – Atacante – Internacional (ESP)