Convocação para Olimpíadas: Como está a briga por vaga no ataque da seleção?

Seleção Brasileira em amistoso contra Jamaica, junho de 2024. Foto: Lívia Villas Boas/CBF

Foto: Lívia Villas Boas/CBF

O técnico Arthur Elias vai anunciar a lista final da seleção brasileira feminina de futebol para os Jogos Olímpicos de Paris-2024 na próxima terça-feira (02). A maior expectativa é pela definição de quais serão as atacantes, já que esse é o setor de maior concorrência atualmente. Desafio ainda maior diante da limitação de 18 jogadoras que cada seleção pode inscrever na disputa do futebol nas Olimpíadas, além das quatro suplentes.

A convocação da seleção será para a data Fifa de 8 a 16 de julho, período que será usado pela comissão técnica brasileira para fazer treinamentos na Granja Comary, em Teresópolis, em vez de disputar amistosos. Por isso, essa já será a lista definitiva para as Olimpíadas.  

É bem verdade que a maioria das vagas do elenco brasileiro será destinada ao ataque. Segundo Arthur Elias, esse é o setor do futebol onde normalmente ocorrem mais substituições durante as partidas hoje em dia, devido ao alto desgaste, especialmente atuando em um modelo de jogo ofensivo como é o característico do treinador do Brasil. 

Nos últimos amistosos contra a Jamaica, no início de junho, 10 das 26 atletas convocadas por Arthur eram atacantes. Ao longo dos 10 meses em que o treinador esteve no comando da seleção, ele convocou 18 atacantes, sempre com o discurso de testar o máximo de atletas possível. Diante do desafio de montar um elenco enxuto com apenas 18 atletas nas Olimpíadas, a comissão técnica deverá convocar em torno de sete atacantes. Aquelas atletas com maior versatilidade de atuar em mais de uma posição ganham destaque nesse contexto.

Marta e Cristiane. Foto: Lívia Villas Boas/CBF
Entrosamento de Marta e Cristiane prova que ainda está em dia contra a Jamaica | Foto: Lívia Villas Boas/CBF

Marta já avisou que 2024 é o último ano dela na seleção. E a capitã brasileira tem tudo para se despedir após a quinta Olimpíada da carreira em Paris – a primeira dela foi aos 18 anos, em Atenas-2004. Arthur Elias não deixou dúvidas que pretende contar com a Rainha. O treinador a convocou em cinco das seis datas Fifas que teve desde sua chegada à seleção, em setembro de 2023. Na mais recente, Marta teve uma atuação de gala no primeiro amistoso contra a Jamaica, com direito a dois gols, e ainda tirou um outro gol de falta da cartola no fim do segundo amistoso, também contra a Jamaica. 

Adriana e Gabi Portilho são outros nomes certos da comissão técnica do Brasil para Paris. A jogadora do Orlando Pride foi a atacante que esteve mais tempo em campo com a seleção sob comando de Arthur, com 790 minutos em cinco convocações. E a atleta do Corinthians não fica muito atrás, com 722 minutos em campo, tendo sido chamada em todas as convocações desde a chegada do treinador à seleção. Ambas atuam mais abertas no campo, podendo fazer a função de ponta ou ala.

Bia Zaneratto era outra atacante muito cotada para estar na lista olímpica, mas ela anunciou no domingo (30/06), por meio das redes sociais, que sofreu uma fratura por estresse no quarto metatarso no último jogo pelo Kansas City, o que a impede de estar recuperada a tempo dos Jogos Olímpicos. Neste ano, Zaneratto teve ótima adaptação na liga de futebol dos Estados Unidos após a transferência do Palmeiras – marcou 10 gols e deu quatro assistências em 10 jogos. Mas a atacante já vinha lutando com uma dor na fascite plantar, que a tirou dos últimos amistosos do Brasil contra a Jamaica e, agora, a nova lesão acabou de vez com o sonho olímpico em Paris.

Gabi Nunes é outro nome muito forte. A centroavante do Levante, da Espanha, esteve em campo por 642 minutos com a seleção sob comando de Arthur e marcou três gols. Ela é bastante conhecida pelo técnico do Brasil, já que os dois trabalharam juntos no início da carreira dela no Centro Olímpico e depois no Osasco Audax e no Corinthians. Apesar de não ter balançado a rede nos últimos jogos diante da Jamaica, Nunes foi uma das atacantes mais regulares dessa seleção durante o trabalho do Arthur.

A questão é a concorrência. O ataque que começou o primeiro amistoso contra a Jamaica com Cristiane, Adriana, Ludmila e Marta teve um desempenho excelente, com bastante movimentação, troca de passes, muitas jogadas ofensivas criadas e dois gols marcados ainda no primeiro tempo. Já no segundo jogo, o quarteto titular do ataque brasileiro (com Gabi Nunes, Gabi Portilho, Debinha e Byanca Brasil) não conseguiu repetir o bom rendimento da partida anterior, apresentando pouca movimentação e dificuldade na criação.

Gabi Nunes. Foto: Lívia Villas Boas/CBF
Gabi Nunes é uma das atacantes mais regulares da seleção brasileira | Foto: Lívia Villas Boas/CBF

Cristiane havia ficado fora de duas datas Fifa (em novembro e fevereiro), mas voltou a receber oportunidade na She Believes, em abril, e nos últimos amistosos antes das Olimpíadas, neste mês. Contando com a primeira convocação para treinamentos na Granja, Cris foi relacionada por Arthur em quatro datas Fifa. Ela teve 295 minutos em campo, marcou um gol e deu uma assistência. 

Aos 39 anos, a centroavante do Flamengo não é figurinha certa para as Olimpíadas. Um dos principais desafios de Arthur seria conciliar a Cris e a Marta em um elenco enxuto para uma sequência intensa de jogos com intervalos curtos entre eles. Mas a comissão técnica colocou a dupla atuando junta como titular contra a Jamaica e o resultado foi muito bom. Vale lembrar que foi o próprio Arthur Elias quem trouxe Cris de volta para a seleção após ela não ir para as últimas Copa do Mundo e Olimpíadas sob comando da sueca Pia Sundhage. Depois do último teste, ficou difícil deixar Cristiane fora de Paris-2024.  

Ludmila. Foto: Lívia Villas Boas/CBF
Ludmila voltou bem à seleção e cresceu na briga por vaga para as Olimpíadas | Foto: Lívia Villas Boas/CBF

Mas nessa briga ainda tem a Ludmila. A atacante do Atlético de Madrid teve apenas a sua segunda convocação com o Arthur neste mês, mas aproveitou bem demais as chances que ganhou nos 161 minutos em campo com a seleção nessa reta final. Ela não chegou a balançar as redes, mas foi responsável direta por um gol contra da Jamaica no primeiro amistoso, em Recife, e deu boa dinâmica à equipe, com bastante movimentação e explorando bem toda sua explosão e força física.

Entre as atacantes mais conhecidas e experientes do Brasil, Debinha parece ter sido a que mais perdeu espaço na seleção nas últimas datas Fifa. A atleta do Kansas City foi chamada por Arthur nas quatro primeiras convocações dele, mas sofreu uma lesão muscular na coxa em março, ficando fora da She Believes, e acabou sendo relacionada para os amistosos contra a Jamaica para substituir a Bia Zaneratto, após ser cortada por lesão. Apesar de não estar entre as mais cotadas, Debinha marcou um gol no último jogo do Brasil, o que pode ter ajudado a colocar uma dúvida na definição da lista final olímpica.

Outra atacante que fez o dever de casa direitinho na última chance que teve com a camisa verde-amarela foi a Jheniffer. A atacante do Corinthians de 22 anos ainda não havia anotado o dela nos dois jogos que atuou com a seleção brasileira, mas desencantou ao marcar dois gols após entrar no segundo tempo do último amistoso contra a Jamaica, mostrando que pode ser uma das surpresas na convocação para os Jogos Olímpicos.

Outra jovem centroavante cotada é Priscila, de 19 anos. A centroavante do Internacional fez uma ótima estreia na seleção brasileira, com boa atuação e gol diante do Japão em novembro de 2023. Depois, ela voltou a ser chamada para a She Believes e acabou cortada nessa última convocação, porque sofreu uma lesão na panturrilha direita durante treinamento no Internacional. Recuperada, Priscila voltou a ter boas atuações pelo clube, marcando gol nos três últimos jogos, contra São Paulo, Botafogo e Avaí/Kindermann, todos em junho.

Geyse, Aline Gomes e Byanca Brasil receberam menos oportunidades na seleção sob comando de Arthur Elias e correm por fora na briga por uma vaga no ataque brasileira que disputará as Olimpíadas. O treinador chegou a dizer que a maioria das convocadas para os Jogos de Paris estariam entre as 26 relacionadas para a última Data Fifa em que o Brasil enfrentou a Jamaica. Delas, apenas Byanca Brasil esteve entre as convocadas, mas pela primeira vez e teve apenas 45 minutos em campo. Ainda assim, isso não impede alguma surpresa na lista final.

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Uma resposta

  1. O meio campo é muito importante. Se Duda Sampaio machuca precisa ter alguém a altura para substituir. Prefiro levar menos atacantes e mais meio.

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