Brasil faz jogo sem criatividade e com falhas defensivas na derrota para o Japão

Foto: Staff Images/CBF

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A Seleção Brasileira fez mais um jogo ruim na última data Fifa de 2023, desta vez, com muita dificuldade de criação e praticamente nenhum aspecto positivo a se destacar na derrota diante do Japão, por 2 a 0, sob forte calor do fim da manhã deste domingo (3) no estádio do Morumbi, em São Paulo, diante de um público de 13.020 pessoas. Minami e Mina Tanaka marcaram os gols do jogo, ainda no primeiro tempo, em falhas defensivas do Brasil, que não soube reagir. Mais organizada, a equipe japonesa controlou o segundo tempo e deu o troco nas brasileiras após perder o primeiro amistoso por 4 a 3 na última quinta-feira (30).

A Seleção Brasileira teve dois desfalques por causa da covid: a zagueira Rafaelle e a goleira Luciana, que passam bem. A zagueira Antônia, que ficou fora do primeiro amistoso pelo mesmo motivo, já estava recuperada, mas não chegou a treinar com a equipe. Assim, Arthur Elias escalou o time brasileiro em um 3-4-3, com uma linha de três zagueiras, com a lateral direita Bruninha, a zagueira Lauren e a lateral esquerda Yasmim. Centralizadas no meio-campo, Angelina e Duda Sampaio começaram como titular.

Com essa formação, a equipe tinha uma proposta de ser aguda com Geyse, Debinha e Priscila no ataque, com o apoio das alas Gabi Portilho aberta pela direita e Adriana pela esquerda. O desafio, porém, foi fazer a bola chegar com qualidade às muitas atacantes. Com a linha de ataque formada por essas cinco jogadoras muito distante das atletas de meio e de trás, o Brasil teve muita dificuldade na saída de bola e passou a abusar da ligação direta, ficando previsível para a marcação japonesa e tendo que rifar muitas vezes a bola, dando a posse de graça para o adversário.

Tudo bem que logo no segundo minuto de jogo, uma bola enfiada em profundidade para a Priscila foi desviada pela zagueira Koga na direção do próprio gol, pegando a goleira Tanaka desprevenida. Para alívio das japonesas, a bola bateu na trave. Mas o Japão, que estava melhor organizado defensivamente, aproveitou a superioridade no meio-campo para trocar passes com qualidade e passou a envolver as donas da casa.

Aos 16 minutos, o Japão abriu o placar após um erro de marcação brasileira na cobrança de escanteio que encontrou a Minami livre dentro da área, na segunda trave. A finalização cruzada da zagueira japonesa ainda resvalou na Duda Sampaio e atrapalhou a goleira Lelê antes de morrer no fundo da rede: 1 a 0. Apenas dois minutos depois, a equipe japonesa ampliou a vantagem com um chute de muito longe de Mina Tanaka, após jogada pela lateral esquerda do campo. A goleira Lelê falhou no quique da bola e não conseguiu fazer a defesa: 2 a 0. 

A equipe brasileira até chegou com perigo aos 30 minutos, depois de uma roubada de bola da Angelina na saída de jogo japonesa. A bola ficou com Priscila, que enfiou para Debinha em velocidade na área. Ela bateu cruzado na trave! Geyse ainda tentou aproveitar o rebote, mas Tanaka defendeu. Ainda que tenha chegado perto de diminuir a desvantagem no placar nesse lance, o Brasil também voltou a sofrer sustos em novas falhas de marcação diante das movimentações nas costas das zagueiras.

Arthur Elias chegou a dar duas grandes broncas na beira do gramado em pausas para atendimento médico à goleira Lelê e para hidratação. Muito insatisfeito, o treinador subiu o tom para tentar fazer com que as jogadoras se reconectassem com o jogo. Mas não teve jeito. O Brasil fez um primeiro tempo muito ruim e sentiu os gols sofridos.

Além disso, faltou aproximação e movimentação, principalmente das jogadoras da linha de ataque para se apresentarem como opção de passe na saída de bola e auxiliar na criação das jogadas. Com apenas duas peças no meio-campo, Angelina e Duda Sampaio estavam em inferioridade numérica em relação às meias japonesas e tinham pouco espaço para trabalhar a bola. Priscila, que entrou pela primeira vez como titular, até tentou sair um pouco da área para dar opção de passe uma vez ou outra, mas o coletivo, como um todo, não funcionou.

Segundo tempo mais ofensivo, mas pouco criativo

Arthur Elias promoveu três substituições no intervalo (colocou Antônia, Bia Zaneratto e Eudimilla nas vagas de Lauren, Priscila e Adriana), mas não mudou a formação tática da equipe. Atrás no placar, o Brasil conseguiu jogar mais no campo ofensivo no segundo tempo. Aos 4 minutos, Geyse perdeu um gol feito! Ela recebeu em profundidade e depois de uma falha da goleira Momoko Tanaka, a bola sobrou no pé da Geyse de frente pro gol sem goleira, mas a atacante brasileira chutou para fora.

A questão é que essa foi a única chance mais clara de gol do segundo tempo pro Brasil, que continuou com muita dificuldade de criação, errando muitos passes e com a mesma formação tática, mesmo diante das entradas de Antônia, Tamires, Ary Borges Eudimilla, Marta e Bia Zaneratto ao longo da segunda parcial. Do outro lado, o Japão voltou do intervalo mais recuado e soube administrar a vantagem construída ainda no primeiro tempo, terminando com a vitória por 2 a 0 sobre o Brasil.

Paciência e tempo para um novo trabalho na Seleção

Apesar do rendimento coletivo ruim da Seleção Brasileira contra o Japão, vale ressaltar que esse foi apenas o quarto jogo da equipe sob o comando de Arthur Elias e que um novo trabalho também demanda tempo e paciência para ser implementado. Foi exatamente isso que Gabi Portilho ressaltou na entrevista na zona mista após a partida. “Estamos em um processo, temos muita coisa a melhorar. Nós tivemos oportunidades, poderíamos ter virado o jogo, mas é isso, o futebol não perdoa”, disse a atacante.

Falta mais um amistoso para encerrar 2023

O terceiro e último amistoso da Seleção feminina nesta Data FIFA será contra a Nicarágua na quarta-feira (6), às 18h, na Fonte Luminosa, em Araraquara (SP). O próximo adversário é teoricamente mais fraco do que o Japão e deve oferecer menos perigo à defesa brasileira, sendo um bom teste principalmente para reajustar o ataque e a criatividade ofensiva, que não foram bem no último amistoso contra o Japão.

Brasil x Nicarágua
Data: quarta-feira (6 de dezembro) – 18h
Local: Fonte Luminosa, Araraquara (SP)

FICHA TÉCNICA

BRASIL (0)
Lelê; Bruninha, Lauren (Antônia), Yasmin e Angelina (Ary Borges); Duda Sampaio, Gabi Portilho (Tamires) e Adriana (Eudimilla); Debinha (Marta), Geyse e Priscilla (Bia Zaneratto).
Técnico: Arthur Elias.

JAPÃO (2)
Momoko Tanaka; Minami, Kumagai (Tanikawa), Shimizu e Koga; Sugita (Ishikawa), Naomoto (Miyazawa/Nagano), Fugino e Hayashi (Hasegawa); Endo e Mina Tanaka (Ueki).
Técnico: Futoshi Ikeda.

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