Ferroviária neutraliza Corinthians em empate sem gols no 1º jogo da final do Brasileirão

Foto: Staff Images/CBF

Considerada a maior rivalidade do futebol feminino do país, Ferroviária e Corinthians empataram em 0 a 0 no primeiro jogo da final do Campeonato Brasileiro Feminino 2023, diante de 9.899 pessoas na Fonte Luminosa, em Araraquara, no feriado de 7 de setembro. Com o placar completamente em aberto, os dois voltam a campo no domingo (10), às 16h (de Brasília), na Neo Química Arena, para descobrirem quem sairá campeão.

Dois times de tradição e com elencos de muita qualidade, Ferroviária e Corinthians fizeram um jogo muito estudado, sem grandes chances de movimentar o placar. O protagonismo acabou por conta do duelo à beira do campo. Do lado da Ferroviária, a técnica Jéssica de Lima, que está no seu primeiro ano à frente de um clube profissional, surpreendeu o Corinthians do experiente Arthur Elias e, agora, também técnico da seleção brasileira, ao escalar três zagueiras em uma linha defensiva de cinco jogadoras.

A estratégia da Ferroviária dificultou o forte ataque corintiano a usar os lados do campo, como faz de costume ao acionar Tamires e Jaqueline na criação das jogadas. O Corinthians, que tem Arthur Elias como um dos responsáveis por transformar o clube no projeto de maior sucesso da modalidade no país nos últimos sete anos, não conseguiu fazer a bola chegar com perigo na área adversária. 

A proposta de Jéssica de Lima de priorizar a parte defensiva no início da decisão era evidente. A estratégia da treinadora também parece ter passado pelo estado do gramado: alto e sem ser molhado minutos antes do jogo, como de costume na modalidade. Mas a principal surpresa da treinadora foi não escalar como titular a atacante Aline Gomes, um dos destaques do campeonato. Sem a jóia da Ferrinha de 18 anos em campo, a esperança de gols ficou concentrada em Eudimilla e Laryh. Mas as donas da casa quase não criaram no setor ofensivo. Deram apenas um chute ao gol no primeiro tempo. 

Em compensação, a estratégia da Ferroviária de se proteger funcionou. O Corinthians não conseguiu imprimir o volume ofensivo que fez dele o responsável pelo melhor ataque desta edição do Brasileiro, com 64 gols em 19 jogos até a final. Mesmo com 53% de posse de bola, as Brabas do Timão finalizaram apenas cinco vezes na primeira etapa. 

E o lance de maior perigo não foi fruto da criação do time, mas de uma saída errada da goleira Luciana, aos 15 minutos. A bola acabou sobrando para Vic Albuquerque, que chutou de fora da área no canto esquerdo e exigiu boa defesa da arqueira da Ferroviária. Muito pouco para o que o Corinthians costuma apresentar, ainda mais em jogos decisivos. 

Importante mencionar dois desfalques que Arthur teve de lidar. Luana, que também defende a seleção brasileira, sofreu um trauma no ombro no jogo de volta das semifinais contra o Santos, no último sábado, e não se recuperou a tempo de estar disponível nesta quinta-feira. Outra baixa no Corinthians foi a zagueira Tarciane, que levou o terceiro cartão amarelo no último jogo. 

Diante do quebra-cabeça armado pelos dois treinadores, as mexidas no segundo tempo melhoraram um pouco o jogo. Aline Gomes entrou aos 16 minutos pela Ferroviária. Já Arthur Elias promoveu logo três mudanças de uma vez aos 24 minutos: saíram Katiuscia, Vic Albuquerque e Belinha para a entrada de Paulinha, Fernandinha e Diany.  

O jogo ficou mais dinâmico e o Corinthians conseguiu se sobressair à marcação imposta pela Ferroviária a partir dos 30 minutos. Aos 31, Jheniffer chegou a balançar a rede, mas o gol foi anulado porque a centroavante estava em posição de impedimento. Sem novas oportunidades, os primeiros 90 minutos da decisão terminaram com um empate sem gols. Ao todo, o time comandado por Arthur Elias teve 10 finalizações, contra apenas duas da equipe comandada por Jéssica de Lima.

A zagueira Luana comemorou a eficiência na marcação da Ferroviária. “Sabemos que o Corinthians é um time de muita qualidade com a bola no pé, então tentamos anular o máximo das jogadas delas, principalmente pelos lados e pelo meio. Conseguimos fazer bem isso. É um jogo extremamente difícil, é jogo de final e está totalmente aberto. Vamos tentar buscar o título no campo delas”, comentou Luana, em entrevista pós-jogo à TV Globo.

Já do lado do Corinthians, Tamires não escondeu a frustração pela dificuldade que o Corinthians encontrou no jogo: “Todo mundo percebeu que não viemos em nenhum momento atrás do empate, acho que elas sim vieram para jogar pelo empate, com a linha de cinco atrás. O primeiro tempo foi mais difícil para entendermos o jogo. No segundo tempo, entendemos mais e mudou um pouquinho o nosso jeito de jogar, tivemos mais a bola no chão, conseguimos ser mais efetivas, mas infelizmente não conseguimos fazer o gol. Teve aquele gol impedido, mas o Corinthians demonstrou até o fim que estava impondo o ritmo de jogo e querendo vencer a partida”.

“Agora a decisão é na nossa casa, com a arena lotada. Acho que elas vão sentir um pouco lá também o que é jogar na arena com a torcida toda a nosso favor”, completou a jogadora.  

Os 90 minutos restantes serão disputados no domingo (10), às 16h (de Brasília), na Neo Química Arena. A expectativa é de caldeirão para empurrar o Corinthians ao pentacampeonato em casa. Do outro lado, porém, tem uma Ferroviária doida para repetir o feito de 2019, quando foi bicampeã brasileira sobre o próprio Corinthians na decisão de pênaltis.  

FICHA TÉCNICA

FERROVIÁRIA
Luciana; Moniquinha, Day Silva, Luana, Gessica (Nicoly), Barrinha, Suzane (Aline Gomes), Raquel, Mylena Carioca (Lelê), Eudimilla (Ingryd) e Laryh. 
Técnica: Jéssica de Lima.

CORINTHIANS
Lelê; Kati (Paulinha), Mariza, Yasmim, Isabela (Diany), Duda Sampaio (Ju Ferreira), Jaqueline, Vic Albuquerque (Fernandinha), Tamires, Gabi Portilho (Millene) e Jheniffer. 
Técnico: Arthur Elias.

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