(Foto: FIFA)
Pela primeira vez na história da Copa do Mundo Feminina, a grande decisão do torneio será apitada por uma árbitra das Américas. O nome da árbitra escolhida é Tori Penso, norte-americana, mãe de três filhas e que começou sua trajetória na arbitragem ainda na adolescência, mas apenas há quatro anos, passou a se dedicar integralmente ao ofício.
Incentivo dentro de casa e inspirações femininas
Quando tinha dez anos, Tori foi incentivada pela mãe a jogar futebol, mas desde que não ficasse com hematomas nas pernas, revelou a árbitra ao site da FIFA. “Eu eu via meus dois irmãos chutando uma bola e tudo o que me importava era fazer o mesmo”, declarou.
Ter apoio e referência na família foi fundamental para que ela decidisse se tornar árbitra. “Meus irmãos arbitraram nas ligas locais em Stuart, Flórida, onde nasci e cresci”, explicou. “Quando eu tinha 14 anos, disse à minha mãe que gostaria de começar a ganhar algum dinheiro e ela disse: ‘Você pode fazer isso nos campos onde já passa tanto tempo’. Então comecei a arbitrar jogos por dinheiro , tanto de meninos quanto de meninas”.
Em 1999, a conquista da seleção feminina dos Estados Unidos na Copa do Mundo em seu país deixou lembranças em Tori. “Uma das minhas memórias favoritas é a comemoração de Brandi Chastain depois de marcar o pênalti final. Foi a primeira vez que vi uma mulher como atleta. Foi inspirador e mudou toda a minha perspectiva”, declarou.
Com 18 anos, Tori conseguiu comprar seu primeiro carro com o dinheiro que ganhou com seu trabalho de arbitragem e, além disso, foi convidada para participar de um convite para um acampamento de arbitragem administrado pelo Programa de Desenvolvimento Olímpico no Texas. Na época, ela jogava futebol enquanto estudava marketing, mas ainda não via a arbitragem como um possível futuro emprego: “Não havia árbitras em tempo integral nos Estados Unidos, então eu realmente não via como uma carreira. No entanto, entendi que era mais do que um trabalho temporário para mim, e que talvez me permitisse conhecer um pouco melhor o meu país, e até o mundo.”
A ex-públicitária agora apita uma final de Copa do Mundo
Antes de decidir largar o emprego em uma agência de publicidade para se dedicar integralmente à arbitragem, Tori conheceu Chris Penso, também árbitro, com quem se casou e teve três filhas. Aliás, segundo ela, o momento que mudou sua carreira dentro dos gramados aconteceu na Copa do Mundo de 2019, na França, quando ela segurava a filha pequena nos braços.
“Eu sabia que não poderia continuar desempenhando as duas atividades da melhor maneira possível e vi que as oportunidades na arbitragem profissional estavam começando a se abrir para mim, então tomei a decisão, com o apoio da minha família, de ver até onde eu poderia ir”, explicou Tori. “E isso me deu mais do que eu poderia imaginar.”
E qual foi a importância da Copa do Mundo Feminina na França? “Conhecer as histórias de tantas mulheres em campo, algumas delas mães, foi inspirador. E pensei: ‘Talvez daqui a quatro anos eu esteja lá’. É por isso que ainda não consigo acreditar quando olho pra trás.”
A partir de então, Tori começou a alcançar marcos significativos em sua nova carreira: em setembro de 2020, ela se tornou a primeira mulher a arbitrar um jogo da MLS (a Major League Soccer, o campeonato de futebol da América do Norte) em mais de 20 anos. Agora ela é uma das árbitras oficiais da MLS.
Em 2021, ela voltou a fazer história, mas desta vez em nível continental: além de ser a primeira mulher a arbitrar e dirigir uma equipe de arbitragem exclusivamente feminina em uma competição masculina da Concacaf, em junho ela se tornou a primeira mulher a arbitrar um partida de qualificação para a Copa do Mundo da FIFA™. “Estou orgulhosa: se você olhar ao redor do mundo, é incrível o que as mulheres estão conquistando”, disse ela.
Em 2022, Penso dirigiu cinco partidas na Copa do Mundo Feminina Sub-20 da FIFA™ na Costa Rica, incluindo uma das semifinais. Com essas realizações, é mais do que justo que agora ela seja uma inspiração para outras pessoas, principalmente para suas três filhas. E segundo a árbitra, o legado pode continuar.
“Durante a última Copa SheBelieves, os três preencheram um cartaz onde deveriam completar a frase ‘eu acho…’ A mais velha escreveu que acreditava que seria jogadora de futebol. A do meio que jogaria futebol e não desistiria. A caçula, aquela que estava no colo há 4 anos, que se tornaria árbitra. Apoio e referência não vai faltar pra nenhuma delas. Hoje elas podem sonhar com isso desde cedo.
Tori Penso na Copa do Mundo de 2023
Neste Mundial, a árbitra norte-americana apitou quatro partidas, incluindo a semifinal entre Austrália e Inglaterra.
Na decisão, suas assistentes serão Brooke Mayo e Kathryn Nesbitt, também estadunidenses. A quarta árbitra será a japonesa Yoshimi Yamashita.
A grande final acontece neste domingo (20), às 7h (horário de Brasília), no Estádio Olímpico de Sydney, na Austrália. Espanha e Inglaterra nunca foram campeãs do torneio.
— FIFA Media (@fifamedia) August 18, 2023