Mesmo com maioria europeia, Copa de 2023 “retoma” diversidade nas quartas de final

Foto: Fifa/ Divulgação

Com colaboração de Julia Belas

Com as últimas partidas das oitavas de final definidas, França e Colômbia se juntam às já classificadas Austrália, Inglaterra, Suécia, Espanha e Japão para as quartas de final da Copa do Mundo Feminina de 2023. Esta é a primeira edição sem Estados Unidos e Alemanha nas quartas, e com uma seleção sul-americana voltando a essa fase desde 2007, quando o Brasil chegou à final.

As oito melhores seleções da Copa do Mundo de 2023 mostram que a evolução do futebol feminino começou a se descentralizar dos países mais tradicionais da modalidade. Pouco mais da metade (França, Inglaterra, Suécia, Espanha e Holanda) é da Europa, o que permite dizer que a UEFA segue como uma confederação formadora de talentos e equipes competitivas. Vale destacar que a Espanha é uma das duas seleções que avança às quartas pela primeira vez na história.

Mas a chegada de outras seleções, como Colômbia, Japão e Austrália – da América, Ásia e Oceania, respectivamente -, aponta que outras regiões (e confederações) estão fazendo o dever de casa. Apenas a CAF, que teve África do Sul, Nigéria e Marrocos nas oitavas, não viu nenhuma delas avançar para a fase seguinte.

Em comparação à edição de 2019, realizada na França, são três continentes a mais – com uma representante diferente. Há quatro anos, sete das oito melhores equipes eram europeias: Holanda, Inglaterra, França, Itália, Noruega, Suécia e Alemanha. A única de outro continente, americano, era a seleção dos Estados Unidos, que viria a ser a campeã sobre a Holanda. Isso mostra o tamanho da importância da classificação da Colômbia na primeira vez que disputou um mata-mata, algo exaltado pelas atletas.

Linda Caicedo exaltou o apoio da torcida (Foto: Getty Images)

“Nós vivemos uma evolução muito grande no futebol feminino na Colômbia e na América Latina. E acredito que estar entre as oito melhores seleções do mundo significa muitas coisas. Seguimos no processo a passos firmes que, com certeza, vamos ajudar ainda mais e na evolução do futebol feminino na Colômbia. É uma alegria muito grande, inclusive, porque estamos representando um continente inteiro. Enche meu coração de alegria e emoção saber que estamos aqui em representação desse continente tão bonito que nos entregou tanto”, comemorou Cami Reyes, após a partida.

Uma das grandes sensações da Copa do Mundo, Linda Caicedo, de 18 anos, também apontou o apoio que os colombianos vêm dando à seleção neste Mundial como um combustível. “Estou muito feliz, sinto-me em casa. É impressionante como, graças a eles, nos sentimos em casa, como em Cali. Tanto que não os falhamos. Agradeço a todos os colombianos pelo apoio, tanto os que vieram até aqui quanto os que madrugaram em casa para assistir”, falou a estrela.

Figurinhas repetidas

A edição de 2019, aliás, foi a que teve menos diversidade de continentes representados nas quartas de final em toda a história da Copa do Mundo. Nas edições de 2015, 2011, 2007, 2003 e 1999, pelo menos, uma das equipes classificadas eram da Europa, Ásia, América e Oceania. Mesmo os dois primeiros Mundiais femininos tiveram mais representatividade, com equipes de três continentes.

Em 1995, na Suécia, o continente europeu foi representado pelas donas da casa, Alemanha, Inglaterra, Dinamarca e Noruega; o continente asiático, por Japão e China; e o continente americano, pelos Estados Unidos. Em 1991, primeira edição, disputada na China, ocorreu algo semelhante: as donas da casa e Taipei avançaram pela Ásia; já as seleções de Suécia, Noruega, Itália, Alemanha e Dinamarca foram os europeus que chegaram às quartas de final; e Estados Unidos representou a América.

Deu para perceber várias seleções se repetindo nas edições nas quartas de final da Copa, certo? Veja aqui a relação:

EUA e Alemanha: 1991, 1995, 1999, 2003, 2007, 2011, 2015, 2019
Suécia: 1991, 1995, 2003, 2011, 2019, 2023
Noruega: 1991, 1995, 1999, 2003, 2007, 2019
Dinamarca: 1991, 1995, 1999
Itália: 1991, 2019
China: 1991, 1995, 1999, 2003, 2007, 2015
Taipei: 1991
Japão: 1995, 2011, 2015, 2023
Inglaterra: 1995, 2007, 2011, 2015, 2019, 2023
Brasil: 1999, 2003, 2007, 2011
Nigéria: 1999
Rússia: 1999, 2003
Canadá: 2003, 2015
Austrália: 2007, 2011, 2015, 2023
Coreia do Norte: 2007
França: 2011, 2015, 2019, 2023
Holanda: 2019, 2023
Colômbia: 2023
Espanha: 2023

Vale lembrar que esta é a primeira vez que o Mundial conta com 32 seleções e não teve, portanto, os três melhores terceiros colocados do grupo se classificando para as oitavas, como era até a edição passada, que tinha 24 seleções – foi assim que o Brasil chegou a essa fase, aliás.

E vale destacar, também, que até 2011 quem avançava da fase de grupos caía direto nas quartas de final, já que eram apenas 16 equipes participantes (as primeiras duas edições contaram com apenas 12).

E como foram as oitavas?

Jogos emocionantes, tecnologia sendo decisiva, confirmação de favoritismo em algumas partidas e zebras em outras, estreantes classificadas e algumas goleadas. A Suécia contou com a brilhante atuação da goleira Zećira Mušović para levar a disputa contra os Estados Unidos para a prorrogação e, depois, para as penalidades. A última cobrança, de Lina Hurtig, precisou da confirmação da tecnologia do VAR para validar o gol que carimbou a classificação sueca e a inédita eliminação das tetracampeãs mundiais nas oitavas de final – a pior campanha das norte-americanas até então havia sido as semifinais.

Hayley Raso e Sam Kerr comemoram vitória (Foto: Getty Images)

Oura seleção que chegou com grande favoritismo na Copa e também passou por apuros nas oitavas de final foi a Inglaterra. A seleção comandada por Sarina Wieg só venceu a Nigéria nos pênaltis após um empate sem gols. Apesar da classificação, a atacante Lauren James foi expulsa depois de dar um pisão proposital na nigeriana Michelle Alozie. Com o cartão vermelho, uma das principais destaques da equipe inglesa, com três gols e três assistências no Mundial, não poderá jogar as quartas de final, punição que ainda poderá ser ampliada para mais dois jogos de suspensão. A situação está sendo avaliada pela Fifa.

A Colômbia garantiu a classificação inédita ao vencer a dura seleção da Jamaica pelo placar mínimo, com gol de Catalina Usme, que vibrou durante e após a partida. “É algo que construímos há muito tempo, não é de agora. A vontade era muito grande de chegar nesse Mundial e fazer história. Esta equipe tem uma energia incrível e nosso objetivo é chegar na final. Jogamos quatro partidas agora e precisamos descansar e desfrutar, porque aqui estamos fazendo história. Temos a Inglaterra pela frente, queremos ganhar essa partida também, sabemos que temos como competir contra elas, mostramos que podemos competir com qualquer equipe do mundo e seguiremos sonhando alto”.

A Holanda, por sua vez, bateu a África do Sul, por 2×0, num jogo disputado. Os gols foram marcados por Roord e Bereynstein (este com falha da goleira Swart). Do outro lado, Kgatlana roubou a cena nas arrancadas que deram origem às chances de maior perigo da África do Sul, mesmo sem conseguir marcar para o seu país.

Diante do Accor Stadium lotado com mais de 75 mil pessoas, a Austrália não teve dificuldades para vencer a Dinamarca, com gols de Caitlin Foord e Hayley Raso. A partida também marcou a estreia da estrela Sam Kerr na competição – ela sofreu uma lesão na panturrilha dias antes da primeira rodada e fez a festa da torcida nos 10 minuto finais.

As goleadas ficaram por conta de Japão, que venceu a Noruega por 3×1; da Espanha, que atropelou a Suíça por 5×1 (e marcou todos os gols da partida, inclusive, um contra) e a França, que não tomou conhecimento do Marrocos e ganhou por 4×0.

Veja como ficam os duelos das quartas de final (horário de Brasília):

Espanha x Holanda: 10/08 (quinta-feira), às 22h
Japão x Suécia: 11/08 (sexta-feira), às 4h30
Austrália x França: 12/08 (sábado), às 4h
Inglaterra x Colômbia: 12/08 (sábado), às 7h30

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Uma resposta

  1. Eu estou com desejo de ver mais futebol em algumas partidas.
    Nota-se que o tempo das goleiras ultra-frangueiras esta acabando: todas tem treinamento especializado.
    E a Colombia finalmente se apresenta como um grande time e o Brasil ja pode finalmente elevar seu nivel com base em um adversario sul americano a altura.
    Agora nossas jogadoras mostraram duas ou tres fragilidades que doeram.
    Fisicamente ainda defasadas, ninguem sabe chutar de longe, o cabeceio decente so duas ou tres delas tem,. Faltando cabeça,faltando punch e meio campo da Pia era uma improvisaçao que Urias por ex. jamais teria posto em campo nessas posiçoes.

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