Tabu mantido: Brasil perde para França por 2×1 e se complica no grupo F

Desde outubro do ano passado, a seleção brasileira sabia que teria um desafio enorme na segunda rodada da Copa do Mundo de 2023: a França. Destino traçado pela sorte – ou azar – no sorteio que colocou Brasil e seu algoz do último Mundial juntos no Grupo F. 

Neste sábado (29), diante de 49.378 pessoas (sendo a grande maioria brasileiros) no Estádio de Brisbane, na Austrália, a seleção sentiu a intensidade imposta pela adversária no primeiro tempo: errou muitos passes e não conseguiu ficar com a bola. A derrota parcial por 1 a 0 no intervalo ficou barata. Mas a recuperação veio. As brasileiras equilibraram o jogo e chegaram ao empate com Debinha, no início do segundo tempo, que marcou o primeiro gol dela em Mundiais. 

No melhor momento do Brasil na partida, porém, a defesa canarinha bobeou em uma das jogadas mais previsíveis diante do jogo contra a França. Em uma cobrança de escanteio, a zagueira Wendie Renard – a principal cabeceadora francesa com 1,87m de altura – apareceu livre na segunda trave do gol brasileira para decretar a vitória da França por 2 x 1.

Tabu mantido diante da França

O Brasil segue sem saber o que é ganhar da França no futebol feminino. Agora, são sete derrotas da seleção brasileira e cinco empates no histórico de confrontos entre os dois países.

Em Brisbane, a seleção perdeu para a equipe comandada por Hervé Renard, por 2×1, pela segunda rodada da Copa do Mundo e permanece com os mesmos três pontos conquistados diante do Panamá, na estreia. Já as adversárias subiram para a liderança do Grupo F, que tem a Jamaica na segunda colocação após vencer o Panamá na segunda rodada.

Para avançar às oitavas, portanto, o Brasil precisa vencer a Jamaica na quarta-feira, às 7h (de Brasília), no jogo válido pela última partida da fase de grupos – o empate dá a vaga para as jamaicanas.

Brasil sente a intensidade francesa

O Brasil entrou em campo com a base da mesma equipe da estreia: a única mudança foi Geyse no lugar de Bia Zaneratto fazendo a dupla de ataque com Debinha. Lauren foi mantida na zaga, deixando Kathellen no banco. Mas a postura em campo começou muito diferente do que a vista no jogo de estreia.

Já as francesas contaram desde o início do jogo com a zagueira Wendie Renard, que foi dúvida até a véspera da partida. Favorita do grupo e precisando da vitória após estrear com empate diante da Jamaica, a França começou o jogo com tudo. Pressionou a saída de bola do Brasil, levou vantagem em praticamente todos os confrontos no meio campo, teve muito mais posse de bola e apostou no seu forte jogo aéreo. 

As brasileiras sentiram a intensidade imposta pelas francesas. O número excessivo de erros de passe fez com que a equipe brasileira mal conseguisse ficar com a bola, uma mostra também do nervosismo sentido por essa seleção renovada. O primeiro tempo foi de total domínio da França, que impôs seu estilo de jogo físico e forçou o erro das brasileiras. A marcação por pressão funcionou e o Brasil foi empurrado para o campo de defesa.

Após duas chances criadas, uma delas com bela defesa da goleira Lelê aos 12 minutos, Le Sommer abriu o placar aos 17 com gol de cabeça. A jogada começou com Karchaoui, que lançou de longe para a área. Diani ganhou a disputa no alto e resvalou para Le Sommer, que cabeceou sozinha no canto direito da goleira Lelê. Ela chegou aos 90 gols com a seleção francesa, se tornando a maior artilheira da história da França.

O Brasil sentiu o gol e demorou a reagir: não conseguia trocar passes sem ter a bola interceptada pelas adversárias ou então devolvia a posse de graça em erros de domínio ou de passe. Ainda assim, aos 22 minutos, Adriana teve a chance do empate. Após bola interceptada por Geyse e Ary Borges na saída de bola da França, Debinha infiltrou na área e tocou para trás para que Adriana, livre de marcação e com o gol aberto, finalizasse. Mas a bola foi por cima do gol.

Segundo tempo equilibrado

Com um primeiro tempo inoperante, a expectativa era que a técnica Pia Sundhage voltasse com outra equipe para o intervalo. Mas o segundo tempo começou sem mudanças. Ainda assim, o Brasil voltou mais ligado e organizado, conseguindo trocar passes em velocidade e envolvendo a equipe francesa. Em uma dessas jogadas, a bola circulada pela esquerda chegou até Kerolin na entrada da área. Ela finalizou, mas a bola bateu na marcação e sobrou para Debinha. A artilheira da Era Pia dominou no capricho e bateu na saída da goleira Peyraud-Magnin: 1 x 1.

Com o empate, o jogo mudou de figura e de domínio: o Brasil passou a tocar a bola com mais calma e chegar ao ataque com mais frequência, porém sem conseguir o gol da virada. As francesas passaram a errar mais passes e a ver a bola com as brasileiras. Mais equilibrado, o jogo ficou aberto.

Hervé Renard resolveu oxigenar o ataque francês: tirou Le Sommer, autora do primeiro gol, e colocou a jovem Becho. Do lado do Brasil, Pia trocou Geyse por Andressa Alves, e, na sequência, Adriana por Bia Zaneratto. A França foi, aos poucos, impondo seu ritmo novamente, forçando bolas longas e buscando escanteios. O Brasil foi se defendendo e segurando o empate, até que, aos 38 minutos, após cobrança de escanteio, Renard surgiu livre de marcação para, com tranquilidade, testar para marcar o segundo gol da França.

Atrás do placar mais uma vez, o Brasil tinha pouco tempo para agir. Pia fez mais três substituições aos 40 minutos: trouxe Marta, Ana Vitória e Monica e tirou Debinha, Ary Borges e Antonia. Pouca coisa mudou: afobada e pressionada, a seleção não aproveitou a chance no último lance de jogo, numa cobrança de falta de Andressa Alves. O rebote ainda sobrou para o Brasil, mas Monica, de frente para o gol, não conseguiu o domínio.

Ficha técnica

FRANÇA: Magnin; Lakrar, Renard, Périsset e Karchaoui; Toletti, Geyoro e Dali (Garrec); Diani, Bècho e Le Sommer (Becho). 
Técnico: Hervé Renard

BRASIL: Lelê; Antonia (Mônica), Rafaelle, Lauren, Tamires; Luana, Adriana, Ary Borges (Ana Vitória), Kerolin; Debinha (Marta) e Geyse (Andressa Alves). 
Técnica: Pia Sundhage
Gols: Le Sommer (França); Debinha (Brasil); e Renard (França)

Arbitragem: árbitra Kate Jacewicz e os assistentes Kyoung-Min Kim e Joanna Kate Charaktis

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