Foto: Thais Magalhães/CBF
A Seleção Brasileira fez uma estreia de gala na Copa do Mundo de 2023 nesta segunda-feira (24), no Hindmarsh Stadium, em Adelaide, na Austrália. A goleada por 4 a 0 sobre o Panamá teve direito a hat-trick de Ary Borges, estreante no Mundial aos 23 anos. A meia comemorou o gol com dancinha em homenagem à Marta e ainda foi generosa ao dar uma assistência de calcanhar para Bia Zaneratto também marcar o dela.
Diante do empate entre França e Jamaica, o Brasil assume a liderança do Grupo F e enfrentará as francesas com pouco mais de tranquilidade no sábado, às 7h. Torcida não vai faltar. Durante a vitória brasileira na estreia da Copa, a TV Globo registrou a maior audiência no horário desde 2008: foram 16 pontos de média, enquanto a transmissão da Cazé TV no Youtube teve mais de 1 milhão de aparelhos conectados: a maior audiência de uma partida de futebol feminino na plataforma.
Para o primeiro desafio na Copa, a técnica Pia Sundhage optou por começar com Bia Zaneratto ao lado de Debinha na dupla de ataque – Bia que disputa seu terceiro Mundial e era a mais experiente entre as 11 escaladas. Referência em campo importante para ajudar as cinco titulares estreantes na Copa. Uma delas foi a zagueira Lauren, de 20 anos, que assumiu o lugar de Kathellen, preservada após sentir uma fisgada na coxa direita antes do jogo.
Do outro lado, porém, o Brasil enfrentava uma seleção inteiramente estreante em Copa do Mundo. E para o primeiro desafio na competição o técnico Ignacio Quintana postou a seleção caribenha com uma formação bastante defensiva, com cinco jogadoras na última linha.
O Brasil se lançou ao ataque desde o início do jogo. Em cinco minutos, a seleção já havia chegado quatro vezes ao gol adversário. A criação das jogadas se concentraram na lateral esquerda pela característica agressiva da Tamires, que teve bastante apoio de Debinha e Adriana para fazer a bola chegar na área.
Foi assim que saiu o primeiro gol aos 18 minutos. A atacante Debinha recebeu a bola de Tamires na esquerda, cortou para o meio e cruzou para Ary Borges cabecear livre de dentro da pequena área e abrir o placar.
Na comemoração, antes de começar uma dancinha já combinada com a amiga Kerollin, porém, Ary não segurou as lágrimas e se ajoelhou no chão para receber o abraço das companheiras. Emoção, alegria e alívio misturados naquela fração de segundos. A pressão da estreia começava a se dissipar em choros e sorrisos – todos de felicidade.
Ainda assim, rolou a dancinha! Ary e Kerollin fizeram a coreografia ensaiada antes da música “Foca na Rainha”, em homenagem à Marta, que disputa sua sétima Copa do Mundo, a primeira que começa no banco de reservas.
O Brasil continuou propondo o jogo e criando as melhores chances. Teve mais de 70% de posse de bola jogando majoritariamente no campo de ataque.
A fragilidade defensiva da equipe adversária não era uma novidade, mas a grande mobilidade do elenco brasileiro foi fundamental para abrir os espaços nos lances de perigo. Alguns deles pararam nas mãos da goleira panamenha, como o chute de Luana da entrada da área após toque de Bia Zaneratto, aos 35 minutos.
A pressão brasileira estava grande quando o Brasil chegou ao segundo gol. Aos 37, mais uma bola levantada na área pela esquerda – dessa vez pelos pés de Tamires – encontrou Ary Borges bem posicionada na área. A goleira defendeu a cabeçada da camisa 17, mas Ary aproveitou o rebote e de pé direito ampliou o placar para o Brasil fechar o primeiro tempo com 2 a 0.
Segundo tempo de mais gols e Marta em campo
O cenário de estreia do Brasil na Copa já estava empolgante. Mas na volta do intervalo a equipe elevou o nível a outro patamar. Tamires acionou a Debinha na esquerda, que tocou para Adriana e recebeu de volta de letra. A camisa 9 levantou na área e adivinha quem estava de frente pro gol para receber a bola? Ary Borges! Dessa vez, ela rolou para trás para Bia Zaneratto chutar pro fundo das redes. Que pintura de gol!
Pia mexeu na equipe aos 13 minutos do segundo tempo. Geyse substituiu Debinha; Gabi Nunes entrou para a saída de Bia Zaneratto e a lateral Bruninha entrou no lugar da Antônia.
O Panamá ameaçou o Brasil em três oportunidades no segundo tempo. Aos 12 minutos, Baltrip-Reyes chutou colocado após jogada pela esquerda. Lelê segurou firme na primeira defesa que fez na partida. Quatro minutos depois, a goleira brasileira precisou sair da área para cortar um lançamento perigoso que quase encontrou a atacante Riley Tanner chegando em velocidade. Já no fim do jogo, a Tanner voltou a obrigar uma boa defesa da Lelê após um chute cruzado perigoso.
Mas foi o Brasil que ampliou o placar. Novamente pela lateral esquerda em lançamento da Geyse, que teve como autora a estrela do jogo: Ary Borges, completando o hat-trick com uma cabeçada que passou por baixo das pernas da goleira antes de entrar no gol.
Antes de Ary, apenas três jogadoras haviam marcado três gols na estreia da seleção feminina na Copa: Pretinha e Sissi (ambas em 1999 contra o México) e Cristiane (em 2019, contra a Jamaica).
Aos 30 do segundo tempo, Pia Sundhage tirou Luana para deixar Duda Sampaio estrear na Copa e promoveu muito barulho nas arquibancadas por lançar Marta ao jogo, que entrou no lugar de Ary Borges, extremamente aplaudida. A entrada da Camisa 10 e da lateral Bruninha fez com que a seleção passasse a subir mais ao ataque por esse lado do campo.
A estreia brasileira não poderia ser melhor: goleada jogando muito bem e sem sofrer gols. Ao todo, o Brasil somou 32 finalizações, sendo 10 no gol. É verdade que a defesa brasileira foi pouco testada. O Panamá finalizou seis vezes, sendo apenas duas no alvo. Mas o nervosismo da estreia passou, e da melhor forma possível.
O Brasil volta a campo para o principal desafio desta primeira fase contra a França, no sábado (29/7), às 7h (de Brasília). Algoz da seleção brasileira no último mundial por provocar a eliminação nas quartas de final, a seleção francesa não conseguiu converter o favoritismo sobre a Jamaica e ficou apenas no 0 a 0 pela primeira rodada. Já o Panamá encara a Jamaica também no sábado, mas às 9h:30 (de Brasília).
Ficha técnica
Brasil: Letícia Izidoro; Antônia (Bruninha), Lauren, Rafaelle e Tamires; Ary Borges (Marta), Kerolin, Luana (Duda Sampaio) e Adriana; Bia Zaneratto (Gabi Nunes) e Debinha (Geyse).
Técnica: Pia Sundhage.
Panamá: Yenith Bailey; Katherine Castillo, Carina, Yomira Pinzón, Rosario Vargas (Carmen Montenegro) e Hilary Jaen (Wendy Natis); Natalia Mills, Schiandra Gonzalez, Aldrith Quintero (Deysire Salazar) e Marta Cox (Lineth Cedeño); Karla Riley (Riley Tanner).
Técnico: Ignacio Quintana.
Arbitragem: árbitra Cheryl Foster (País de Gales); e auxiliares Micelle O’neill (Irlanda) e Franca Overtoom (Holanda).