Na noite de terça-feira (15), o Grêmio Football Porto Alegrense realizou uma live em conjunto com o eMuseu do Esporte para inauguração da exposição “Gurias de Todos os Tempos – a trajetória do Futebol Feminino no Grêmio”. A mostra é toda em formato digital e é possível navegar pela história da modalidade feminina do Grêmio através de fotos, textos e vídeos das atletas que ajudaram na luta do esporte no país.
Participaram da live o presidente do Grêmio, Romildo Bolzan Jr, a ex-atleta Marianita Nascimento, a atual técnica das Gurias Gremistas, Patrícia Gusmão, a diretora do eMuseu do Esporte, Bianca Gama, o curador Lamartine Da Costa e a diretora de inovação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Marinilza de Carvalho.
A exposição passa por três fases: as pioneiras – que tornaram o Grêmio um clube de destaque; as vitoriosas – que conta a história do final dos anos 90 e no início dos anos 2000; e, por fim, a retomada do futebol feminino no clube em 2017. “É um marco propulsor de grandes investimentos e de grandes visibilidades para o futebol feminino. Um registro da memória é a alma da nossa história”, declarou a diretora do eMuseu do Esporte.
GURIAS DE TODOS OS TEMPOS
Em parceria com o eMuseu do Futebol, o futebol feminino Grêmio será tema de uma galeria virtual, pela primeira vez. Os torcedores poderão ter acesso a materiais inéditos que irão contar e relembrar a história da modalidade desde 1979.
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— Rádio Pachola (@radiopachola) September 10, 2021
O Grêmio fez uma galeria com fotografias, recortes de jornais e depoimentos para relatar a busca por liberdade e reconhecimento das mulheres com futebol no país. Marianita, capitã da primeira equipe de futebol feminino do Grêmio na década de 80, fez parte do processo que levou a liberação da prática do esporte no país.
“Existia uma lei de 1941 e nós descobrimos ela no ano de 1980, quando nós fomos a primeira vez para o Grêmio, e eu disse: ‘Nós chegamos até aqui, nós não vamos parar.’ E foi o que a gente fez. No exato momento que descobrimos que existia essa proibição no futebol feminino, a gente procurou auxílio com o vereador Valdir Fraga e, através dele, veio por intermédio todo um processo interno com as federações para que o futebol feminino, em 1983, fosse liberado. Então, essa vitória não é uma vitória minha. É uma vitória de todas as mulheres”, relembrou de forma emocionada essa trajetória.
A ex-jogadora ainda relembrou a dificuldade, o preconceito e a invisibilidade das mulheres naquela época. “Nós vivíamos em tempos muito diferentes dos atuais, onde havia o preconceito, onde a mulher era sempre colocada dentro de uma cozinha, de ser mãe, mas não havia essa visibilidade ou essa oportunidade da gente jogar futebol. A ex-atleta, Marinilza Conceição, que faz parte da minha vida até hoje, falava: ‘quando é que vão conhecer a nossa história? Aonde é que está a nossa história? Todo mundo fala hoje sobre o futebol feminino, mas não fala de quem começou a nossa história.’ Não é fácil, depois de 40 anos e hoje está sendo reconhecida. Eu represento as que vieram antes de 1941, porque se existia uma lei de proibição, existia alguém jogando lá. Nós enfrentamos um mundo e todos os preconceitos por um motivo só: jogar futebol”, enfatizou.
A técnica Patrícia Gusmão também estava presente na live e contou como, nós, mulheres, vivemos e sobrevivemos na modalidade. “Quem trabalha com o futebol feminino e vive do futebol feminino, passou por muitas dificuldades e se a gente persistiu, é porque a gente ama muito o que faz. Não é por dinheiro. A gente quer uma valorização da mulher, a valorização do esporte”.
Marinilza, professora e diretora de inovação da UERJ, enalteceu a exposição e declarou que este é um resgate importante para o futebol feminino e para o mundo. “É um projeto de esporte, de educação, de inclusão social, um projeto transdisciplinar, é um projeto para o mundo inteiro. E colocar todos os esportes e todas as confederações em um ambiente digital que vai deixar como legado, é uma ideia brilhante”, enalteceu.
O curador Lamartine completou a fala da diretora. “Estamos unindo aquele objetivo do passado com a perspectiva do futuro. Hoje, nós temos uma percepção do futebol feminino como um visão do futuro. É um raro evento que estamos unindo as duas pontas.” ponderou.
Você pode conferir a exposição clicando aqui.