A falta de diversidade racial em transmissões esportivas no Brasil é fato conhecido e registrado. Quando questionadas sobre esta crítica, a resposta das lideranças, muitas vezes, é de que não se sabe onde encontrar esses profissionais. Escolas particulares, universidades e redações jornalísticas são ambientes com pouca diversidade racial, e quando se trata de mulheres negras, a representatividade é menor ainda.
Um dos grandes nomes da TV esportiva brasileira, Karine Alves, do SporTV, fez questão de vestir a camisa do Observatório da Discriminação Racial no Futebol e dar uma verdadeira aula sobre o racismo no esporte brasileiro. Ela se pronunciou no Troca de Passes sobre a reversão da punição ao Brusque após o dirigente Júlio Antônio Petermann proferir xingamentos racistas ao jogador Celsinho, do Londrina.
Apesar de todas as dificuldades de um país racista e sexista em sua estrutura, com um jornalismo ainda muito elitizado, mulheres negras estão assumindo papéis importantes e ocupando espaços que lhes foram negados. Todos os dias do ano, é importante consumir e compartilhar o trabalho dessas – e de tantas outras – mulheres negras que trabalham com o que amam e merecem cada vez mais visibilidade para o seu talento.
Por isso, resolvemos compartilhar alguns dos trabalhos que nós já conhecemos e recomendamos:
Apresentando as negras no futebol brasileiro
Diretamente de Malhada de Pedras, interior (do interior, como ela mesma diz) da Bahia, Natália Silva iniciou uma verdadeira revolução no jornalismo esportivo. Financiada pela Football Against Racism in Europe (Fare), organização europeia que luta contra os preconceitos no futebol, ela realizou o projeto A Negra no Futebol Brasileiro. Entrevistou mais de 50 mulheres, entre jogadoras, jornalistas, pesquisadoras, psicólogas, treinadoras, cineastas… um catálogo por si só de profissionais negras das cinco regiões do Brasil. No projeto – que vai virar livro a ser publicado pela Editora Ludopédio -, ela foca em contar a história da relação das entrevistadas com o futebol. O foco é nos momentos de conexão com o esporte, ao invés de definir essas trajetórias apenas falando sobre racismo e preconceito.
A mãe tá on – e não é Tamires
Jordana Araújo ainda está fazendo a faculdade de jornalismo, mas o currículo dela é de dar inveja. Ela é comentarista na FPF TV, CBF TV e na Conmebol TV – ou seja, em nível estadual, nacional e continental. Quer mais? Ela faz tudo isso enquanto estuda, estagia na Rádio BandNews FM e cuida do filho Pietro. O trabalho de Jordana como comentarista só está começando e já alcançou lugares nos quais ela nem imaginava que chegaria. Ela, inclusive, foi chamada pelo Corinthians para falar sobre a importância do 20 de novembro. Em uma semana difícil com o caso do julgamento de Celsinho e o racismo sofrido por atletas do Corinthians na Libertadores Feminina, é importante ter uma voz como a dela em veículos de comunicação.
Desimpedida
Bianca Santos é carioca, mas veio parar em São Paulo em maio para trabalhar no canal Desimpedidos. Ela chegou à capital paulista em maio e já participou de eventos como a SuperCopa das MINA, das Desolimpíadas e da SuperCopa Desimpedidos. Torcedora do Fluminense, Bianca é dona do canal Fala sem Gritar e vai comandar os conteúdos do grupo na final da Libertadores 2021, entre Flamengo e Palmeiras, diretamente de Montevidéu.
Voz da Libertadores
Luiza Santana resolveu seguir o sonho de narrar e conseguiu. Nas últimas semanas, a jornalista alternou os microfones entre as categorias de base do Campeonato Paulista e a Libertadores Feminina, comandando transmissões no Facebook Watch. Estudante de pós em Jornalismo Esportivo e de narração esportiva, ela ainda é fotógrafa. É uma voz que com certeza vamos ouvir mais vezes por aí!
Tática e técnica
Juliane Santos comenta demais. Ela sabe bastante sobre futebol alemão e consegue traduzir com precisão o que está acontecendo em campo para quem está assistindo. Ela produziu um guia da Bundesliga no Twitter para a temporada 2021/22, e faz vídeos de pré e pós-jogo para vários campeonatos. Ela foi mais uma das vozes da Libertadores, comentando jogos no Facebook Watch.
Fórmula 1 e cultura pop
Produtora de esportes a motor no GE, Bruna Rodrigues é fã de Lewis Hamilton (e quem não é?). Ela sabe muito de Fórmula 1, comenta todos os GPs nas redes sociais e aproveita para falar sobre filmes da Marvel. Em um espaço ainda tão masculinizado como a Fórmula 1, as mulheres que amam o esporte usam as redes para compartilhar as suas opiniões. Em um ambiente tão branco quanto a Fórmula 1, ter Hamilton nas pistas e Bruna fora delas é gigante.
Narra quem sabe
A mineira Eduarda Gonçalves já sabe narrar, mas agora está se preparando para crescer ainda mais na carreira. Ela é uma das cinco narradoras selecionadas pelo Narra Quem Sabe, da ESPN, além de trabalhar como setorista do América-MG no jornal O Tempo e na rádio Super Notícia FM. No programa do Grupo Disney, Duda aprende sob a tutela de Vanessa Riche e aperfeiçoa ainda mais as habilidades. Só para ter uma ideia, narradoras ilustres como Natália Lara, Isabelly Morais e Renata Silveira saíram de lá – então só fica a curiosidade para saber o que Duda vai aprontar agora.