A importância de registrar a história: Marta é a maior artilheira da seleção

Nesta sexta-feira (17), além da vitória do Brasil diante da Argentina em Estádio Amigão, em Campina Grande (PB), outro destaque foi a divulgação oficial, feita pela primeira vez por parte da CBF, do número exato de jogos e gols de Marta pela seleção. Mesmo ela sendo um ícone recente do nosso futebol, não havia, até então, registros de todos os gols que fez com a camisa da seleção.

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Foram anos de cobrança (por parte de torcedores e imprensa) e um trabalho de resgate que precisou levantar dados de mais de 20 anos atrás, época em Marta estreou pela seleção. Mas hoje, junto com o press-kit de divulgação do amistoso, os números apareceram.

Marta tem 171 jogos disputados e 116 gols marcados, isso a torna a maior artilheira com a camisa da seleção brasileira, entre homens e mulheres. A jogadora superou a marca que pertencia ao Pelé (com 95 gols em 114 partidas) ainda em 2015, quando a seleção feminina jogou contra Trinidad e Tobago, marcando três gols ainda no primeiro tempo.

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Claro que esse foi só mais um recorde pra conta dessa atleta que também se tornou a maior artilheira entre homens e mulheres da Copa do Mundo. Contra a Itália, na primeira fase do Mundial da França, a atacante marcou de pênalti e superou o atacante alemão Miroslav Klose, já aposentado, com 17 tentos anotados.

Ela também foi a primeira atleta a receber seis prêmios de melhor do mundo da Fifa. O último veio em 2019 e, naquela época, nem Messi e nem Cristiano Ronaldo haviam conquistado tamanho feito. Mas, antes deste, ela já tinha cinco conquistados consecutivamente entre 2006 e 2010, quando podemos dizer que estava em seu auge.

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(Foto: Reprodução)

E claro, que mesmo diante de tantos números que consagram a carreira dessa atleta surreal, a contestação por parte de algumas pessoas (homens, em sua maioria) sempre aparece. Para estes, ela não pode ser a maior artilheira da seleção, querem que ela ocupe apenas o lugar de maior entre as mulheres.

Também não aceitam o fato dela ser a maior artilheira da história das Copas. Tentam reduzir o feito de Marta somente à artilharia dos Mundiais femininos. O estranho é que quando o recorde é conquistado por algum homem, ninguém o restringe apenas ao universo masculino.

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Embaixadora da ONU Mulheres há alguns anos, é o discurso empoderado de Marta que tem aparecido recentemente em suas falas e gestos. As comemorações pós-gols levam a mensagem de equidade no esporte em suas chuteiras, totalmente pretas, sem nenhum patrocínio esportivo, justamente para reforçar a mensagem de igualdade de gênero.

As comparações entre o futebol masculino e o feminino – mesmo infundadas e sem propósito – sempre vão existir. O que não vai existir jamais é uma mulher capaz de representar tão bem a luta feminina como Marta.

Conhecer para reconhecer

Conhecer o passado é fundamental para construir o futuro e alimentar o presente. Saber quantos gols a maior artilheira da história da seleção já fez é essencial não só para podermos reverenciá-la como merece, como também para as craques da nova geração terem esse número como meta para fazerem sua história no futebol. Da mesma maneira que Pelé, Garrincha, Zico, Sócrates e outros tantos serviram de inspiração para os jogadores que os sucederam, é crucial que as mulheres tenham suas próprias referências, saibam quem foi Sissi, Formiga, Kátia Cilene, Pretinha e as outras tantas que fizeram a história do futebol feminino por aqui.

Foto: Reuters

E olha que essa história é recente, vem de um tempo moderno em que já existia televisão, computador e outras tantas facilidades que tornariam o trabalho de guardar essas memórias algo muito mais simples. No entanto, quando você vai buscar os registros nos arquivos, há mais memórias sobre a Copa do Mundo de 1930, a primeira organizada pela Fifa para os homens, do que sobre o Mundial de 1988 na China, o primeiro a ser disputado por elas. A primeira seleção brasileira da história formada há exatos 30 anos tem pouquíssima memória guardada – o próprio Museu da seleção, que fica na sede da CBF no Rio de Janeiro, não tem registros dela.

Ninguém nunca quis contar a história do futebol feminino no Brasil. Uma pena, porque agora o futebol feminino é a história. Quiseram invisibilizá-lo por muito tempo, mas hoje não há nada mais visível do que isso: seis vezes Marta, essa contagem é bom a gente nunca perder de vista. O resto é, literalmente, história – que essa ao menos fique registrada para sempre.

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