A dupla brasileira, Luisa Stefani e Laura Pigossi, conquistaram uma medalha inédita para o tênis brasileiro nesta madrugada de sábado (31). Elas venceram a dupla Elena Vesnina e Veronika Kudermetova por 2 sets a 1 (4/6, 6/4, 11/9) com uma virada histórica no Ariake Tennis Park e garantiram lugar no pódio com a medalha bronze.
A história das duas tem muita superação e descrença, já que nenhuma emissora detentora dos direitos de transmissão dos Jogos Olímpicos (SporTV e BandSports) exibiu uma partida das brasileiras até elas chegarem às semifinais.
A situação foi tão PATÉTICA (desculpa, não há outra palavra), que elas precisavam divulgar uma transmissão do Japão, pedindo para as pessoas trocaram o VPN do computador.
Tinha sinal da quadra dos jogos… MAS O SPORTV E O BANDSPORTS NÃO COMPRARAM… porque não acreditaram nelas pic.twitter.com/XoGzBQxk5u
— Break Point (@BreakPointBR) July 31, 2021
“Ainda não caiu a ficha, mas estou muito feliz por jogar minha primeira Olimpíada e conseguir medalha. Jogar ao lado da Lu e representar o Brasil me emociona muito. Ainda não sei o que estou sentindo”, declarou Laura ao Globoesporte.com.
A medalha de bronze das brasileiras só será entregue no domingo (01) após a final entre Barbora Krejcikova/Katerina Siniakova (da República Tcheca) e Belinda Bencic/Viktorija Golubic (da Suíça).
Inscritas na fila de espera olímpica
Foi faltando apenas oito dias para a estreia que a dupla soube que disputaria os Jogos Olímpicos de Tóquio. E a classificação demorou para se concretizar porque a soma de pontos que elas possuem no ranking está acima de 200.
Luisa é a 23ª do ranking mundial de duplas, a melhor brasileira da lista. Já Laura ocupava a 190ª posição, mas considerada como a segunda melhor do país. Ainda assim, o gerente de eventos e esporte da Confederação Brasileira de Tênis (CBT), Eduardo Frick, arriscou e inscreveu a dupla na competição. E deu certo!
Quando tudo aconteceu, Laura estava competindo no Cazaquistão e Luisa estava em casa, nos Estados Unidos. Depois de muito insistir nas ligações, ele conseguiu avisar a dupla e elas se encontraram apenas em Tóquio. Depois disso, o resto é história…
Sem nenhum favoritismo, elas venceram as canadenses (Gabriela Dabrowski e Sharon Fichman) e as tchecas (Karolina Pliskova e Marketa Vondrousova), salvando quatro match points. Nas quartas, derrotaram as americanas (Bethanie Mattek-Sands e Jessica Pegula) e perderam apenas na semifinal para as suíças (Belinda Bencic e Viktorija Golubic).
A final foi duríssima e, debaixo de forte calor, elas duelaram contra as russas, atuais vice-campeãs de Wimbledon, e venceram por 4/6, 6/4 e 11/9, virando o jogo e salvando quatro match points.
“Nunca deixamos de acreditar que podíamos. Quando recebi a ligação, falei para a Luísa que as últimas seriam as primeiras. Ela riu, mas acreditou. Já tínhamos enfrentado todas as adversárias e sabíamos que era possível. A derrota na semifinal foi muito dolorida, parecia que tinham enfiado uma faca no meu peito. Ainda bem que tivemos um dia para descansar. Tivemos um jogo difícil contra as russas. A Lu teve um ano incrível e queria dar isso para ela, joguei muito por ela, que está levando o tênis do Brasil para outro patamar”, disse Laura ao Globoesporte.com.
A dupla – que não disputa torneios juntas habitualmente – se conhece desde pequena. Ainda assim, o entrosamento apareceu em Tóquio e elas desbancaram nomes importantes, como as americanas.
“Entrosamento a gente sempre teve, conheço a Lu desde os meus 12 anos. A gente sempre foi muito amiga fora da quadra. Vira e mexe ela vai para Barcelona ficar na minha casa e ficamos a semana treinando juntas, então acho que isso é um pouco relativo. A gente chegando aqui teve que sentar e conversar o que cada uma faz de melhor para tentar coordenar melhor. Dessa vez, a gente conseguiu se encaixar um pouco mais, cada uma aceitar o seu papel, e tentar sempre puxar, trazer o melhor da outra no seu próprio jogo. É uma tentar jogar de uma maneira para trazer a outra para o jogo, esse é mais ou menos o nosso lema. Em alguns dias aqui a gente conseguiu treinar, ajeitar isso”, concluiu Laura