Seis vezes a Melhor do Mundo, Marta deu uma importante entrevista após a eliminação do Brasil nas quartas de final da Olimpíada de Tóquio para o Canadá nos pênaltis – 0 a 0 no tempo normal e prorrogações. Para a camisa 10, a seleção perdeu como um grupo, e não por conta de erros individuais (Andressa Alves e Rafaelle perderam suas cobranças).
“Hoje foi um jogo bem atípico do que esperávamos, a gente sabia que o Canadá ia fazer dessa maneira, defender o máximo possível, sair num contra-ataque. A gente precisava de repente ter um pouquinho mais de paciência no terço final do campo pra que pudéssemos encontrar nossas atletas com maior facilidade pra finalizar, em outros momentos a bola não quis entrar, tem dias que isso acontece, nem sempre quem joga melhor sai vencedor. Porém, a gente tem que pegar as coisas mais interessantes sem sair apontando o dedo pra ninguém, falando que a culpa foi de uma, de outra, a culpa é de todas”, disse a capitã.
Em seguida, a atleta insistiu na postura coletiva para o crescimento da seleção. “Todo mundo está querendo melhorar, evoluir, não é uma ou outra atleta, são todas, como sempre falei, juntas, e é dessa maneira que a gente tem que pensar, que as coisas não vão acontecer com uma ou outra atleta, se fosse pra acontecer já teria acontecido. Quantas vezes a gente já ganhou como melhor do mundo e nada mudou? Então tem que ser ganhar juntas, perder juntas, estar o tempo inteiro conectadas”, afirmou a meia.
Marta se antecipou à possível chuva de críticas que sempre recai sobre a equipe quando acontece uma eliminação e se comportou como a líder nata que é. “Eu vivi a minha vida inteira tendo que escutar que: ‘Ah, quando chega em decisões o Brasil não joga, o Brasil não sei o quê’, o Brasil jogou muito hoje, jogou em várias outras decisões e não conseguiu o resultado que precisava. Então eu já deixo aqui em aberto, quem quiser apontar o dedo para mim, pode apontar que eu já estou calejada”, frisou a atleta, que saiu em defesa das jogadoras mais jovens.
“Deixem as meninas continuarem evoluindo, dando seu melhor, com a cabeça boa, porque desde o primeiro momento que eu cheguei na seleção que a gente carrega isso de ter que mostrar, ter que fazer isso ou aquilo, então uma Olimpíada a mais na nossa conta não vai fazer muita diferença, mas na cabeça dessas meninas que é a primeira Olimpíada vai fazer muita. Que elas consigam continuar sem esse peso de ter tido a eliminação”, completou.
Aos 35 anos, a jogadora do Orlando Pride não quis cravar ter disputado seu último Jogos Olímpicos. “Eu não sei o que vai acontecer daqui pra frente, tem muita coisa na minha cabeça nesse momento. Eu não quero dar nenhuma resposta precipitada, mas eu digo que estou muito orgulhosa de tudo o que a gente viveu até aqui, espero que sim, que dê continuidade, que a Pia possa ter a liberdade de trabalhar com margem grande de atletas, que todas tenham oportunidades e que no final ela escolha as melhores pra poder representar o nosso país”, explicou a camisa 10.
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Com tempo de vivência no futebol feminino e na seleção, a Rainha comentou sobre um ciclo que se fecha no Brasil com esta Olimpíada de Tóquio e o que esperar da nova geração. “A seleção não tem inimigos hoje. O mais importe é as atletas colocarem na cabeça que elas têm capacidade, qualidade pra estarem em uma seleção e trabalhar isso, não somente quando estão na seleção, mas essencialmente quando estão no clube, é lá que elas se preparam pra representarem a seleção”, pontuou Marta.
“É o que eu acho que está mudando bastante, elas já estão captando a mensagem que a gente constantemente tenta passar pra elas, de que é um ciclo que vai se fechando e abre outro, a gente não é eterno, não vai jogar a vida inteira, então é importante que tenhamos essa consciência e continuemos os trabalhos pra que todas no seu devido tempo tenham a oportunidade de representar a seleção”, concluiu.