A boxeadora Beatriz Ferreira está entre as maiores chances de medalha do Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Ela foi campeã mundial e campeã pan-americana na categoria peso-leve em 2019 e chega como favorita ao título olímpico. A lutadora, que vive grande fase na carreira, pode trazer uma medalha inédita para o país.
Apesar de o boxe ser um esporte muito popular há anos entre os homens, ainda há um estigma muito grande com mulheres que lutam. A modalidade foi uma das proibidas pelo decreto-lei nº 3.199, de 14 de abril de 1941, que impedia mulheres de praticarem esportes incompatíveis com a “natureza feminina”, como futebol, rúgbi, halterofilismo e lutas.
Entre os esportes que serão disputados na próxima Olimpíada, o boxe foi o último que deixou de ser exclusivamente masculino. Os Jogos Olímpicos têm diminuído a diferença entre homens e mulheres participantes e a expectativa é de que, em Paris-2024, o número de vagas seja exatamente igual.
Conhecido como “nobre arte”, o boxe já esteve presente nas Olimpíadas da Antiguidade, por volta do século VII a.C. A modalidade também foi disputada (por homens) em praticamente todas as edições dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, exceto em Estocolmo, em 1912. Uma curiosidade: em St. Louis-1904, na primeira edição dos Jogos Modernos, houve uma demonstração entre mulheres. No entanto, elas só puderam competir no palco olímpico a partir de 2012, na Olimpíada de Londres – a primeira Olimpíada 100% para mulheres.
O torneio de Londres contou também com a primeira medalha brasileira no boxe feminino, o bronze conquistado por Adriana Araújo na categoria até 60 kg. Adriana voltou a competir nos Jogos do Rio de Janeiro em 2016, mas não conseguiu passar da primeira fase. Entre Londres-2012 e Rio-2016, o boxe feminino tinha apenas três categorias. Já em Tóquio-2020, serão cinco ouros disputados.
Apesar de Adriana ter sido a primeira medalhista, a primeira brasileira a entrar em um ringue olímpico foi Érika Mattos – no entanto, ela foi eliminada ainda na primeira fase em Londres. O Brasil também foi defendido por Roseli Feitosa em 2012, entre os pesos-médios, e Andreia Bandeira na mesma categoria em 2016. A primeira luta oficial das Olimpíadas, entre a russa Elena Savelyeva e a norte-coreana Kim Hye Song, reuniu 10 mil pessoas na Excel Arena de Londres.
As competições do boxe feminino começam às 23h da sexta-feira, dia 23 de julho, no horário do Brasil. Em Tóquio, o Brasil terá três representantes:
Beatriz Ferreira: Ela é uma das apostas de ouro para os Jogos de Tóquio. Vai competir na categoria leve (até 60 kg), na qual foi campeã mundial e dos Jogos Pan-americanos de Lima em 2019. Atualmente, Bia representa a Equipe Sergipe (MG) e é treinada pelo pai, o ex-campeão Raimundo Oliveira.
Graziele Jesus: Graziele vai competir na categoria mosca (até 51 kg), representando o Alfa Boxe (SP). Ela foi bronze nos Jogos Sul-Americanos de 2018 e começou a treinar inspirada pelo irmão, que também é boxeador.
Jucielen Romeu: Prata nos Jogos Pan-americanos de Lima em 2019 na categoria pena, Jucielen é a caçula do grupo. Ela começou a treinar em 2014, quando conheceu o boxe um projeto social em Rio Claro (SP), sua cidade natal, aos 14 anos.