Marta está leve: “Peso da responsabilidade é de quem sempre ignorou a modalidade”

O Brasil goleou a seleção da China na estreia dos Jogos Olímpicos de Tóquio por 5 a 0 com gols de Marta (duas vezes), Debinha, Andressa Alves e Bia Zaneratto. O resultado não é só expressivo por se tratar de uma Olimpíada, mas também porque a nossa camisa 10 atingiu duas marcas importantíssimas.

Ao marcar o primeiro gol do Brasil na partida, Marta se tornou a primeira mulher a balançar as redes em cinco edições de Olimpíadas. Não satisfeita, ela fez mais um e se tornou vice-artilheira da história do torneio com 12 gols, atrás apenas de Cristiane, que possui 14.

Na saída de campo, a Rainha revelou não saber do feito. “Poxa, eu nem sabia, obrigada pela informação (risos). Eu fico feliz demais, a gente trabalha pra isso, pra estar sempre evoluindo, bater o nosso próprio recorde, seja na corrida de 50m, seja na de 100m, seja nos gols, porque os gols são consequência do que você apresenta em campo. Então a felicidade é enorme, principalmente pelo que a gente apresentou hoje”, disse a atleta, que revelou o motivo de comemorar seus gols fazendo um “T”.

Créditos: Sam Robles/CBF

“Eu não casei ainda, né, vocês ficam me casando (risos). Mas foi pra ela sim, eu costumo fazer gol e fazer o ‘T’, e no primeiro não deu muito porque as meninas vieram em cima de mim, me abraçando e tal. Já no segundo, Deus abençoou e falou: ‘Você vai fazer mais um sim pra ela’”, brincou a jogadora do Orlando Pride, que é noiva da também atleta Toni Pressley.

Sobre a partida, Marta espera que o time ajuste alguns detalhes para enfrentar a Holanda, próxima adversária. “Óbvio que o time não foi 100% perfeito (hoje), tivemos uns altos e baixos na partida que com certeza podemos corrigir pela qualidade da equipe, mas o importante foi o resultado. Agora é pensar já no próximo jogo, pensar na Holanda e buscar acertar esses ajustes aí, principalmente no passe”, afirmou.

Jogadoras comemoram gol de Marta sobre a China.
Seleção comemora gol de Marta sobre a China na Olimpíada de Tóquio. Foto: Sam Robles / CBF

Questionada se hoje se sente mais leve para atuar, sem a cobrança de cair toda a responsabilidade de um jogo sobre as suas costas, a camisa 10 afirmou que sim.

“A gente tira a coroa pra jogar, né, pra não pesar muito (risos), tô brincando. Eu acho que é o conjunto da situação, a gente vem trabalhando há muitos anos. Não adianta a gente ficar se cobrando a vida inteira, achando que a culpa é nossa por isso ou aquilo. No que depender da gente, sempre, temos que dar o nosso melhor, fazer o nosso trabalho, falar na hora que pode falar. Nossa voz tem que ser ouvida, claro, mas sem essa cobrança de ter que obter resultado pra isso ou pra aquilo. É um trabalho que todas as outras equipes fazem também, então quem errar menos, for mais preciso nas oportunidades vai ser vencedor”, explicou a jogadora.

“A gente sentia esse peso porque a cultura do Brasil colocava esse peso nas nossas costas. Hoje a gente entende todo esse processo e absorve de uma maneira diferente. Então o peso não tem que estar nas nossas costas, tem que estar nas pessoas que sempre ignoraram a modalidade”, completou.

O Brasil volta a campo neste sábado (24) quando enfrenta a Holanda. A partida está marcada para às 8h horário de Brasília.

Compartilhe

Facebook
Twitter
Pinterest
LinkedIn

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *