A Copa do Mundo da França já deixou um legado importante em termos de visibilidade para o futebol feminino no Brasil. Antes mesmo do Mundial começar, o Brasileiro feminino já havia tido uma conquista importante, com o anúncio de que a TV Bandeirantes transmitiria jogos ao vivo todos os domingos às 14h. Agora, o principal canal esportivo da TV fechada também demonstrou interesse em mostrar partidas da principal competição nacional.
O SporTV conversa com a CBF para viabilizar transmissões de jogos da fase final da série A1 (primeira divisão) do Brasileiro feminino e também das finais da série A2 (segunda divisão). A ideia é também fixar na grade do canal um dia para o futebol feminino, com jogos mostrados toda semana.
O sucesso da Copa do Mundo impulsionou o interesse do mercado no futebol feminino. Após o Mundial, a CBF anunciou que o Campeonato Brasileiro das mulheres ganhou seu primeiro patrocinador (Uber). E com o “boom” também na audiência dos jogos – o Brasil bateu o maior recorde da história da Copa feminina na transmissão das oitavas-de-final em que a seleção foi eliminada para a França e também registrou um número estrondoso de espectadores na final, mesmo sem o time canarinho em campo -, as televisões perceberam uma oportunidade de negócio com o futebol feminino.
Bom dia nesta segunda-feira fria com um GOLAÇO desses. Que pintura com passe de Tamires para Gabi Zanotti. Que a semana de vocês seja tão linda quanto esse gol! https://t.co/roEjSsnEEU
— dibradoras (@dibradoras) August 5, 2019
A Band já havia fechado a transmissão do Brasileiro das mulheres pouco antes do início do Mundial e, logo na primeira transmissão, teve uma excelente resposta da audiência. A partida entre Santos x Internacional triplicou os números do canal para o horário e repercutiu bastante na imprensa – a média foi de 2,5 pontos, com 3,8 pontos de pico (antes, a média para o horário não passava de um ponto).
Com o clássico entre São Paulo e Palmeiras pela semifinal da série A2 na semana passada, a Band também chegou a essa média, mas teve um pico ainda maior, de 4,1 pontos. Um número que, de novo, considerando o que a emissora costumava registrar para os domingos neste horário, está bem acima da expectativa.
E no último domingo, com o jogo entre Corinthians x Vitória, a emissora conseguiu novo recorde, marcando 3,4 pontos – uma média que equivale à do programa Master Chef, uma das atrações de maior sucesso da casa.
Diante desse cenário, é possível que a partir das quartas-de-final da série A1 – que estão previstas para começar no dia 18 de agosto -, o Campeonato Brasileiro feminino tenha dois jogos por semana transmitidos na TV, sendo um deles na Band e outro no Sportv. Os outros seguem com transmissão via MyCujoo na CBF TV ou via Twitter, que também tem um jogo por semana garantido conforme acordo fechado com a confederação no início do torneio.
Custo e direitos
No ano passado, com o fim do patrocínio da Caixa Econômica Federal para o Brasileiro feminino, também tiveram fim as transmissões que eram viabilizadas com esse dinheiro para as TVs interessadas. A partir deste ano, a CBF passou a bancar o custo da geração das imagens dos jogos em busca de interessados em transmitir as partidas na grade. Pelo fato de, por enquanto, o mercado do futebol feminino ainda estar em fase inicial, não há “venda de direitos econômicos” do torneio, como funciona no masculino. Sendo assim, as emissoras interessadas em transmitir podem entrar em acordo com a CBF para usar a geração de imagens dela e colocar um jogo no ar na televisão.
Com o sucesso da Copa e a “prova” de que existe um interesse do público pelo futebol feminino, esse cenário começa a dar sinais de que irá mudar para o ano que vem. São mais emissoras sondando a CBF para transmitir o Brasileiro e, desta forma, é bem possível que em breve elas próprias possam assumir os custos da geração da transmissão e que isso gere um mercado também para os clubes, que poderão vender os direitos dos seus jogos.
Pensando que a primeira divisão do Campeonato Brasileiro feminino em 2020 já terá mais quatro “grandes” na lista dos participantes, é de se imaginar que haverá um salto ainda maior tanto no interesse do público, quanto no interesse de TVs e patrocinadores pela exibição do torneio. Cruzeiro (finalista), Palmeiras, São Paulo e Grêmio (semifinalistas) já garantiram vaga na elite do futebol feminino no ano que vem, garantindo um investimento promissor para o futebol das mulheres na próxima temporada.
Classificados para as quartas da série A1:
1º Corinthians
2º Santos
3º Kindermann-SC
4º Flamengo
5º Internacional
6º Audax
7º Ferroviária
8º São José