O bilhete de Alex Morgan para a mãe aos 7 anos descreveu seu futuro

(Foto: Getty Images) Alex Morgan, a camisa 13 da seleção norte-americana, entrou em campo ontem para disputar sua terceira Copa do Mundo. Talvez, este seja, de fato, o Mundial em que a atacante irá assumir protagonismo na seleção dos Estados Unidos.

Morgan tem 29 anos e há 10 defende o time norte-americano, com mais de 100 gols marcados pela equipe. Mas, nas edições anteriores (2011 e 2015) ficava à sombra de outras grandes atletas, como Carly Lloyd e Abby Wambach. Agora, na França, parece ter, finalmente, chegado a sua hora.

E já na estreia ela mostrou seu cartão de visitas. Marcou cinco dos 13 gols que as americanas aplicaram em cima das tailandesas na cidade de Reims.

“Meu nome é Alex Morgan e eu serei uma atleta profissional de futebol”

A história de Morgan é bem parecida com a de muitas meninas que sonham em jogar futebol. A garota que nasceu em Diamond Bar – uma cidade com cerca de 55 mil habitantes no Estado da Califórnia – gostava de jogar futebol e basquete com os meninos na vizinhança e na escola.

Mas foi um bilhete que a fez projetar seu futuro. Em sua casa, ela viu a irmã fazendo uma anotação em um bloco de papel revelando que queria ser modelo quando crescesse. E assim, da mesma forma, Alex verbalizou o que gostaria de ser no futuro.

“Eu ainda não sei porque escrevi. Eu nunca assisti a uma partida de futebol feminino na TV. Eu não sabia que havia uma liga profissional. Eu nem sabia que o futebol feminino era uma coisa além de jogar por diversão”, contou a jogadora para o site The Players Tribune, em maio deste ano. 

No depoimento ao veículo, Morgan relata toda sua trajetória antes de tornar a atleta que é hoje. O apoio de sua família foi fundamental, até mesmo quando um treinador disse à ela que não teria futuro no esporte. Graças ao seu pai, Alex mudou de time e a partir dali começou a escrever sua história na modalidade.

“Com uma equipe e um treinador que acreditavam em mim, eu me superei. Fiz o programa olímpico, fiz a seleção de sub-17. Comecei a perceber que a anotação que eu havia escrito para minha mãe realmente se tornaria realidade. E então vieram as coisas que a maioria das pessoas conhece: minha estreia na seleção nacional em 2010, o ouro olímpico, a Copa do Mundo, tudo isso”, declarou. 

Inspiração e direitos iguais

Assim como suas companheiras de time, Alex Morgan sempre enfatiza como é importante ser uma referência para que as próximas gerações de garotas tenham em quem se inspirar dentro do esporte.

Morgan marcou cinco gols na vitória contra a Tailândia (Foto: AFP)

“Quando faço fila para os jogos agora, como uma das jogadoras mais experientes da equipe, fico pensando em quem virá em seguida. Olho para as garotas segurando a bandeira e penso: elas sabem quem somos? – e com isso quero dizer, nós as inspiramos?”, disse. 

A equipe feminina dos Estados Unidos é a mais engajada na busca por igualdade de gênero e oportunidades. Recentemente, as atletas entraram na Justiça contra a US Soccer (a “CBF” dos Estados Unidos) exigindo tratamento igualitário da entidade entre elas e a seleção masculina.

+ Por igualdade, jogadoras dos EUA dizem que vão lutar até o fim na Justiça

O processo fala em “anos de discriminação institucionalizada de gênero”. Segundo as atletas, são atitudes que não só afetaram os ganhos financeiros delas na seleção (em comparação com a seleção masculina), mas também os lugares onde jogavam, onde treinavam, o tratamento médico, os técnicos que tinham e até a forma como viajavam para os jogos.

(Foto: Reprodução/USWNT)

“Trabalho com muitos patrocinadores e parceiros, faço muitas aparições e coisas fora do futebol. Isso ajuda. Mas isso também significa que eu preciso me abrir mais. Eu preciso ser essa figura pública, eu preciso dar mais de mim nas mídias sociais. Jogadores de futebol não precisam fazer tudo isso. Eles têm seus agentes, eles têm seus funcionários lidando com mídias sociais. Eles vivem suas vidas privadas. Não é o mesmo para nós”, pontuou Alex ao mesmo veículo. 

A Copa de Alex Morgan

Companheira de Marta no Orlando Pride, Morgan atuou em times dos Estados Unidos durante toda sua carreira – com uma breve passagem pelo Lyon em 2017 por alguns meses.

Fez parte do time que conquistou medalha de ouro no Mundial de 2015 e também foi campeã olímpica em 2012, mas desta vez, é diferente. Mesmo defendendo a seleção norte-americana desde as categorias de base, Morgan terá pela primeira vez a chance de ser protagonista de seu país em uma Copa do Mundo.

Campeãs em 2015, no Canadá (Getty)

E ela, que sabe muito bem a importância da competição, espera que as futuras gerações sigam lutando por reconhecimento ao futebol feminino.

Eu realmente acredito que a Copa do Mundo pode ser uma plataforma para o empoderamento feminino, e queremos capitalizar isso, tanto dentro quanto fora do campo. O que tudo isso levará, espero, é que as mulheres se construam e continuem nossa luta por um lugar na mesa. Espero que na próxima vez que estivermos lá cantando o hino nacional, as garotas segurando a bandeira olhem para nós, tomem coragem e se inspirem no que fazemos. E quem sabe … talvez mais tarde naquela noite, um deles vai escrever uma pequena nota para sua mãe.”

Compartilhe

Facebook
Twitter
Pinterest
LinkedIn