Juliana Veiga foi apresentadora do SportsCenter da ESPN Brasil por sete anos e, recentemente, se desligou da emissora para buscar novos desafios. Formada em Rádio e TV, não chega a ser difícil imaginar o que ela vai fazer, afinal, o esporte esteve presente em todas as fases de sua vida.
“O esporte sempre moldou minha vida e obviamente se voltar pra TV vai ser com o esporte, mas de maneira diferente do telejornal diário, das notícias. Gostaria de trabalhar com séries documentais, retratando coisas verdadeiras, positivas e negativas. Gosto muito dessa tendência digital que traz a oportunidades de acessar o material num veículo digital e a pessoa pode acompanhar os capítulos quando quiser”, afirmou ao podcast das dibradoras gravado na Central3.
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Pentacampeã de snowboard – e praticante de surfe, bike indoor e outdoor, natação e ioga – Juliana quer usar sua vivência como atleta para colocar em pauta os desafios do mundo esportivo. “Na ESPN eu sempre trabalhei no estúdio, fazendo o telejornal e a maioria do noticiário falava sobre futebol. Eu não pude utilizar meus dons como atleta nas matérias. Então, eu não andei de snowboard, de bicicleta, não fiz meus esportes pela ESPN. E agora me deu uma vontade de viver isso e mostrar numa série documental, mostrar situações, o desenvolvimento, a conquista, as pessoas, o universo que ronda o esporte”, afirmou.
O início na profissão
Juliana começou a carreira na TV em 2001, quando recebeu um convite do SporTV para fazer um “piloto” de um programa sobre esportes de neve. “Competi por nove anos, profissionalmente, no snowboard. Desde muito cedo eu entrei no esporte, fiz 13 anos de natação, treinei vôlei, ginástica olímpica e equitação. Agradeço aos meus pais me deram essas oportunidades e viram que o esporte poderia fazer a menina hiperativa e com déficit de atenção ser um pouco melhor”, afirmou.
Em 2002, ela foi para a TV Bandeirantes, onde apresentou por cinco anos o Band Sports News e o Esporte Total, ao lado de Roberto Avallone e Nivaldo Prieto. Em sua passagem pela ESPN Brasil fez grandes amigos, um deles é Dudu Monsanto, com quem dividiu a bancada do telejornal por quatro anos.
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“Na ESPN foram sete anos bastante intensos onde aprendi muito ao lado de caras que são monstros do jornalismo. Eu tenho um carinho muito especial pelo Dudu porque ele me ensinou praticamente tudo. Ele soube tirar o melhor de mim e desde o primeiro dia, ele me chamou pra almoçar e disse: ‘olha Ju, a gente não se conhece, mas eu quero fazer o melhor jornal que eu puder, e quero que você seja muito autêntica e conta comigo para o que precisar’. Em televisão, são poucas as pessoas que sentam do seu lado que falam ‘se precisar de mim, conta comigo’. A gente é muito diferente, mas a nossa dupla deu muito certo!”, relembrou.
Além de brilhar na televisão, Juliana tem curso de fotografia, DRT de atriz e sua voz já deu tom em diversas campanhas publicitárias para marcas como Hipoglós, Delícia, Vasenol, Clear, Rexona e Jontex. O tom vocal grave e forte era um incômodo na infância. “Quando eu atendia o telefone na minha casa todo mundo achava que era o Gustavo (irmão de Juliana). Eu ficava muito p… da vida, pedia pra minha mãe me levar na fono porque eu queria afinar minha voz”, disse.
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…Se não rolar um sorriso assim, repense. Tem que Amar o que Faz…
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Foi em um certo dia, quando trabalhava numa agência de publicidade, que sua voz foi ouvida de maneira diferente. “Uma locutora havia faltado para um teste de voz e me escalaram para o lugar dela. A produtora onde fui gravar era do Jairzinho (cantor), fiz a locução e ele mesmo me disse que eu deveria trabalhar minha voz”, revelou. Munida de um curso de locução, ela entrou em contato com produtoras e gravou áudios para registro de voz e assim passou a ser escalada para diversas campanhas. “Essa é minha profissão pro resto da vida. Sempre tive como uma carreira paralela”
Beleza x Competência
Juliana Veiga é uma mulher bonita e isso fica muito claro quando acessamos suas redes sociais e nos deparamos com os comentários em suas fotos. Com 40 anos, a apresentadora tem seus cuidados estéticos, mas admite que se incomoda com as frequentes interações invasivas sobre seu corpo. “Pratico esportes desde os 13 anos, meu corpo é reflexo disso, mas esse lance de ‘musa’, eu acho bem chato, um exagero.”
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Juliana também afirmou que a competição entre mulheres e a venda da mídia por rostos e corpos bonitos é muito prejudicial. “Essa tendência faz com que adolescentes queiram ter o corpo igual ao da fulana e isso não existe. Tem muita coisa envolvida. Tem gente que me fala que quer treinar, ficar forte e eu respondo: beleza, tem paciência pra ficar uns quatro anos treinando, comendo bem, dormindo bem e bebendo água? É isso, é cultura, é hábito e respeito pelo esporte”
E claro, para trabalhar na televisão, a beleza da mulher muitas vezes recebe mais atenção do que a competência. Isso não significa que mulheres bonitas não possam ser conhecedoras de esporte, mas é que para a televisão muitas vezes o requisito da beleza vem antes do conhecimento. “Essa questão de avaliar mulheres e classificá-las como ‘essa não é bonita para o vídeo’, pode fazer você perder um talento que uma ‘bonita’ não tem”, afirmou.
“Já passei numas paradas de fazer um teste, eu fui vestida com uma calça jeans e camisa social, a mina chegou de vestido justíssimo. Ela não sabia falar o nome de um jogador gringo e passou no teste. Acho que ela demorou uns quatro meses pra engrenar e era vista como a ‘gostosa burra’. Isso é um comentário que vejo acontecer com meus amigos, que rola atrás da gente e na nossa área”, contou.
Um episódio que relembramos com a apresentadora foi quando ela apresentou o Prêmio Bola de Prata da ESPN, em 2014 e virou manchete por conta do decote em seu vestido. “Sabe o que foi muito louco? Rolou o evento e dez minutos depois tinha uma matéria falando sobre isso e eu ainda tomei o maior gelo da emissora. Como assim o meu vestido chamou mais atenção do que evento? Só que não fui eu quem escolhi o vestido e disse quero esse. Ele foi escolhido pra mim e ainda tive que lidar com isso”, relembrou.
Hoje em dia, Juliana acredita que seus fãs gostam de seu trabalho e do seu jeito muito antes da beleza. “Acho que meu jeito de ser, me expor, de ser meio maloqueira e meio maluca, quebra um pouco esse lance da beleza. Quem me acompanha há mais tempo, já conhece meu jeito de verdade. Tem muita gente que me fala: ‘você é bonita, mas eu gosto de você porque é engraçada, você fala umas besteiras’ e aí eu falo ‘ufa, até que enfim as pessoas gostam de outra coisa’!”