Além de ser um clube modelo na gestão do futebol feminino, um dos poucos a tratar a modalidade de maneira profissional, o Santos Futebol Clube inova mais uma vez e fecha uma parceria inédita visando o desenvolvimento de base.
Na última quinta-feira (01/11), o clube santista anunciou que contará com o apoio do projeto Meninas em Campo para fomentar e desenvolver o futebol feminino. Com a parceria, as jogadoras do projeto poderão ter a chance de atuar com a camisa do Santos FC. Atualmente, a equipe sub-17 das Sereias da Vila, que está disputando o Campeonato Paulista da categoria, é formada por atletas atendidas pelo ‘Em Campo’
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O acordo foi assinado e celebrado no bairro do Butantã, onde o projeto está localizado. Sem fins lucrativos, as atividades oferecidas no Meninas em Campo são gratuitas e atendem meninas de 11 a 17 anos. A iniciativa surgiu em 2016 por meio de uma parceria da USP-Leste, do PRODHE (Programa de Desenvolvimento Humano pelo Esporte) e do colégio particular Santa Cruz, que resultou em um projeto de futebol para atender as meninas da região.
O presidente do Santos Futebol Clube, José Carlos Peres, firmou o acordo com diretor do Colégio Santa Cruz, Fabio Aidar, um dos responsáveis por desenvolver o projeto em conjunto com a USP (Universidade de São Paulo). Alessandro Rodrigues, Gerente Executivo das Sereias da Vila, foi quem apresentou a possibilidade ao clube da Baixada Santista. ” O desenvolvimento das categorias de base do futebol feminino é necessário. As meninas precisam de uma formação e ajudar isso de algum jeito é muito gratificante”, afirmou o presidente santista.
A coordenadora do Projeto Meninas em Campo é Sandra Santos, que também atua como coach e preparadora física na equipe profissional do clube sob o comando de Emily Lima. Soraia Eliezer é a treinadora do projeto e, com a parceria, será o elo de ligação da iniciativa com o Santos.
Ao lado de Ricardo, o treinador das atletas do sub-17, Soraia terá a função de perceber quais são as jogadoras do projeto que podem servir na montagem do elenco competitivo santista. “Nós temos essa parceria para visualizar o desenvolvimento das meninas. Se a gente percebe que uma menina do Em Campo pode ser aproveitada no sub-17, levamos a menina para fazer treinos com o grupo lá em Santos e aí definimos se a atleta fica ou volta para o projeto e aguarda um melhor momento para ser aproveitada”, contou Soraia às dibradoras.
Aline Pellegrino, coordenadora de futebol feminino na Federação Paulista de Futebol, participou do evento e, muito emocionada, relembrou o início de sua carreira e valorizou o acordo firmado entre o projeto e o time santista. “E pensar que há dez anos eu era uma Sereia da Vila e pudemos conquistar títulos importantes, principalmente a Libertadores da América. Tudo que tenho devo ao futebol. Graças a ele eu pude fazer uma faculdade, algo que minha família jamais poderia me oferecer”, relatou a ex-jogadora com muita emoção.
“Vejo essas meninas hoje e digo a elas para aproveitarem, porque essa fase passa rápido. Pensem sempre em estudar, o futebol é de menos, formar o ser humano vale mais. Essas meninas aqui podem sustentar a casa delas com o apoio do esporte. E além disso, a menina aí do seu lado pode ser sua grande amiga para toda a vida, assim como carrego até hoje as amizades que fiz no futebol. Mesmo que nada dê certo com o futebol, a iniciativa será muito importante para a vida delas”, concluiu Aline.
Garotas como Jéssica Silva, Eduarda Machado e Isabelle Monteiro que foram formadas no Em Campo, já compõem o elenco feminino sub-17 do Santos. As três fizeram parte da equipe que foi campeã do Torneio 5v5 da Gatorade, em São Paulo e do Mundial 5v5 realizado em Barcelona representando o Brasil (você pode conferir nossa cobertura desta essa conquista aqui)
Mais uma vez, de forma pioneira mais uma vez, o Santos Futebol Clube projeta avanços significativos para a modalidade dentro do clube. Uma das maiores lacunas do futebol feminino é a formação das atletas. Sem investimento na base, elas se desenvolvem técnica e taticamente muito tarde, prejudicando a evolução do esporte.
Esperamos que os demais clubes – que estão começando a investir na modalidade motivados pela exigência da Conmebol – possam estruturar o futebol feminino da maneira que ele merece, pensando na formação e no profissionalismo das atletas.