Para cumprir Profut, Bahia corre para viabilizar futebol feminino

Time feminino do Bahia, em 2013 (Foto: Reprodução)

Por Juliana Lisboa

O Bahia está próximo de anunciar sua equipe de futebol feminino (com time profissional, base e também de futsal, de acordo com o jornal Correio) para 2019. O tricolor baiano, único dos grandes clubes nordestinos que ainda não tinha se adequado à regra do Profut, Conmebol e CBF, deve realizar um evento até a primeira semana de novembro para divulgar os detalhes.

E são muitos esses detalhes que, até agora, foram evitados pela diretoria do presidente Guilherme Bellintani. Primeiro, como serão formadas essas equipes? Através de parceria com times já existentes ou um núcleo próprio? A escolha de um ou outro modelo afetaria o calendário de 2019?

A primeira resposta é “sim”. De acordo com Ednaldo Rodrigues, presidente da Federação Bahiana de Futebol (FBF), se o Bahia optar por montar um time próprio a partir de 2019, só poderá competir no Campeonato Baiano, previsto para outubro do ano que vem. Ou seja, passaria o ano inteiro se preparando, mas não disputaria o Brasileiro Feminino, tanto Série A1 como Série A2.

“A única forma de acesso ao A2 do Brasileiro Feminino é através dos Estaduais. A fórmula não deve ser mais modificada pela CBF. Através dos estaduais, há as equipes que se classificam para disputar um pré-Brasileiro, e as que vencem se juntam às equipes melhores ranqueadas de cada federação e as rebaixadas da Série A1, somando 16 participantes”. O Campeonato Baiano deste ano começou no dia 13 de outubro, sem o Bahia.

Para participar da Série A2 (ou mesmo a Série A1), o jeito seria fazer parceria com algum time já existente – o que, segundo o advogado especialista em direito esportivo, Milton Jordão, ainda cumpriria os requisitos da Conmebol e da CBF.

“As equipes precisarão, a partir de 2019, mostrar que já têm um time feminino em condições de disputar campeonatos regionais e nacionais em 2019 ou, ao menos, indicar que terão essa equipe em 2019 por fruto de parceria ou associação com times já existentes”. Jordão ressalta, no entanto, que será necessário deixar bem claro valores, contratos e de que forma o clube investiria na modalidade a partir do ano que vem.

Equipe feminina do Vitória (Foto: Maurícia da Matta / EC Vitória)

Na Bahia, são três as equipes que participam do Campeonato Brasileiro. Na Série A1, o Vitória e o São Francisco. Na Série A2, o Lusaca, atual campeão baiano. Como uma parceria com o rival Vitória já está descartada, as possibilidades seriam o São Francisco e o Lusaca. Nenhum porta-voz de qualquer uma das equipes confirma uma negociação com o Bahia. Em meados de 2018, o Bahia fechou parceria com o São Francisco, na época o único representante baiano na Série A do Campeonato Brasileiro Feminino e maior campeão estadual da modalidade. Mas, de acordo com o presidente do São Francisco, Donato Conceição, a parceria foi uma “ajuda de custo” e sem vínculo esportivo.

“O Bahia nos ajudou com fornecimento de material esportivo, hidratação para as jogadoras. Não houve investimento em dinheiro e nem uma formalização da parceria”, explicou. “Tivemos conversas para transformar o São Francisco no time feminino do Bahia, conversas avançadas, mas até agora não fechamos”.

Equipe do São Francisco (Foto: Divulgação/ Prefeitura de São Francisco do Conde)

Desde que o futebol feminino entrou como tema, em 2015, o Bahia sempre falou em manter uma estrutura própria. Na época, o então presidente Marcelo Sant’Ana dizia que a marca do tricolor baiano era o bem mais valioso do clube, e que não tinha interesse em delegar a responsabilidade da condução de um time que carregasse seu escudo. A diretoria mudou, mas o discurso continua o mesmo. Procurado, o presidente Guilherme Bellintani não deu muitas informações. “Teremos futebol feminino até o final o ano, mas não podemos detalhar ainda”, disse.

Baiano rolando

O Baiano Feminino começou no dia 13 de outubro e está previsto para terminar na terceira semana de novembro. Por enquanto, já conta com uma goleada impressionante: o Vitória venceu o Redenção por 28 a 0.

Time do Vitória (Foto: Maurícia da Matta / EC Vitória)

O Campeonato Baiano é o campeonato estadual mais assíduo do Brasil, com pelo menos uma edição desde o ano 2000. Em 2018, são 15 equipes: Ypiranga, Vitória, Galícia, Redenção, Lusaca, São Francisco, Juventude, Vera Cruz, Jequié, Maracás e Conquista.

Desde 2014 o tricolor baiano não mantém uma equipe de futebol feminino. Naquele ano foi vice-campeã, perdendo a final para o São Francisco.

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